São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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NO AR

Do arrastão aos boatos

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

De um lado, petistas que não se cansaram de insinuar, coordenadamente, como fez a própria Benedita da Silva, na Globo:
- Isso é coisa orquestrada e de conotação política.
E como seu candidato a vice:
- É um novo arrastão contra Benedita, como em 92.
Foram além os petistas, agora que falta menos de uma semana para a eleição -e o Rio voltou a ser aterrorizado.
José Dirceu, o presidente do partido, e a mesma Benedita disseram, de maneira sempre concertada:
- Nós continuamos aqui, sem acordo com o crime organizado, combatendo.
Ouviu-se, no mesmo sentido, que a grande diferença petista é não fazer acordo com o tráfico. Foi uma de muitas insinuações levantadas.
Outra foi a estranheza quanto às escolas municipais fechadas, enquanto as estaduais seguiam abertas. Foi uma sugestão para o lado de Cesar Maia, que apóia José Serra e, no Rio, Solange Amaral.
A resposta do prefeito veio com violência verbal, tratando Benedita por "desequilibrada". Serra não ficou muito atrás. Atacou o "jogo de empurra" dos adversários.
FHC tentou posar de estadista no Jornal Nacional, até dizendo que crime e eleição não devem se misturar. Mas também tratou de marcar seu distanciamento dos petistas.
Disse que "cobrou" do governo do Rio informações e que ouviu estar havendo um "exagero". E comentou:
- O que me foi transmitido foi isso, não estou endossando.
 
O JN qualificou de "boatos", nada mais, as supostas ameaças do tráfico que levaram lojas e bancos a fechar -e destacou as insinuações do PT.
Fez o oposto de 92.
 
FHC impôs distância ainda maior dos petistas em suas ações e declarações em Minas Gerais. Em primeiro lugar, distribuiu -ou prometeu- dinheiro a Itamar Franco. Ao comentar, Boris Casoy sorria:
- Em fim de governo, crédito faz milagre.
O milagre foi Itamar, que apóia Lula, posar ao lado de FHC, que apóia Serra e vem concentrando seu esforço final em Minas.
Já sem Itamar, em comício ao lado do próprio Serra e de Aécio Neves, o presidente atacou Lula mais abertamente:
- Estamos cheios de pessoas que não entendem o que mudou no Brasil e propõem o passado como futuro. Passado ao qual nem fazem crítica, mas se dão ao luxo simplesmente de dizer "eu mudei"... Mudar não é se vestir melhor ou pior. Não é ser mais sorridente.
Nada do magistrado.


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