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CAMPO MINADO
MST arrenda área e diz que Incra é avalista
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) arrendou por R$ 8.000 uma área de
35 hectares para onde devem ir
300 famílias que, desde maio de
2003, mantêm invadida a fazenda
Aruanã em Bonito (249 km de
Campo Grande). A área arrendada está a 3 km da área invadida.
A juíza Luciane Burisco de Oliveira Mello mandou que a desocupação da fazenda ocorresse na
segunda-feira passada, mas o governador de Mato Grosso do Sul,
Zeca do PT, mandou a PM suspender operações de reintegração
de posse até 24 horas após as eleições. Mello pode determinar a
ação da PF (Polícia Federal) e pedir intervenção federal no Estado.
A coordenação do MST informou que as famílias esperam receber lona para montar barracos
e transporte do governo do Estado antes de se transferirem para a
área arrendada. Jair Terra, diretor
da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrária, disse que a
despesa do governo será de R$ 4
com cada família, ou seja, de R$
1.200, considerando o número de
acampados.
Segundo o MST, o arrendamento é por 60 dias. Esse foi o prazo
dado pelo MST ao Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para desapropriação
da fazenda Aruanã, que pertence
à Associação das Famílias para
Unificação e Paz Mundial, entidade religiosa do reverendo coreano
Sun Moon, 84.
Segundo o coordenador do
acampamento do MST, Gilberto
Cipriano de Almeida, 34, o Incra
foi o avalista do arrendamento
feito com um dono de chácara,
cujo nome ele não soube informar. O coordenador estadual do
MST, Márcio Bissoli, também diz
que o Incra foi avalista.
Por meio de sua assessoria, a
Superintendência do Incra em
Mato Grosso do Sul informou que
o órgão apenas "deu garantia" ao
dono da chácara de que, passados
os 60 dias, os sem-terra deixarão a
área arrendada.
Almeida disse que a coordenação do MST poderá pagar o arrendamento de R$ 8.000, caso
contrário a despesa será dividida
entre as famílias. "Dá R$ 26 para
cada uma", afirmou. Segundo ele,
por mês, cada família paga "voluntariamente e se puder" R$ 1,50
para o movimento.
A fazenda Aruanã, segundo o
MST, não tem área de preservação permanente, como manda a
lei ambiental, e, por isso, poderia
ser desapropriada pelo Incra. O
advogado da associação do reverendo Moon, Davi Moura Olindo,
nega. Ele afirma que a propriedade é produtiva.
No Sul do país, o MST estuda a
possibilidade de firmar um convênio com a empresa Votorantim, do empresário Antônio Ermírio de Moraes. Pela proposta,
sem-terra assentados plantarão
eucaliptos em fazendas do grupo.
O movimento ficou de dar uma
resposta até o dia 15 de dezembro.
As plantações, de acordo com o
que apurou a Agência Folha, poderão ocorrer em cerca de 17 mil
hectares nos municípios de Hulha
Negra, Candiota e Aceguá, no sul
do Rio Grande do Sul. Há mais de
2.000 famílias sem terra (quase 10
mil pessoas) na região.
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