São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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TODA MÍDIA

Colin Powell está chegando

NELSON DE SÁ

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, vem aí e a visita, anunciada anteontem por sites de jornais como "New York Times" e "Washington Post", chamou a atenção ontem da Voz da América, da chinesa Xinhua, da cubana Prensa Latina.
E da Globo. Para a emissora, ele vem discutir maior "cooperação na área de segurança".
Vem para mais, segundo seu porta-voz. Deve tratar da cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Mas a prioridade da visita talvez seja outra.
Ontem, a agência Reuters deu um despacho sobre a suposta "preocupação", de funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica, quanto a uma "possibilidade" de o Brasil ter comprado tecnologia nuclear do paquistanês Abdul Khan.
Segundo a BBC Brasil, a fonte do despacho seria um diplomata americano, ex-funcionário do Departamento de Estado.
Repete-se assim o episódio da manchete do "Washington Post", também com fonte sem nome, que fez pressão meses atrás para o Brasil abrir instalações nucleares à inspeção. Ontem, para além da Reuters, surgiu um artigo no "The Times" na mesma linha.
O governo brasileiro respondeu com declaração à agência AP, questionando a Reuters pelas "fontes anônimas".
 
Mas tem mais, para a agenda de Powell. Jornais da Argentina e do Chile -e a chinesa Xinhua- destacavam ontem as manobras conjuntas dos dois países, mais EUA e o Brasil, que estão sendo realizadas nesta semana.
Para o chileno "La Tercera", que traz imagens das operações, elas envolvem 600 homens e 80 aviões dos quatro países.
Por outro lado, Powell vem ao Brasil em meio a debates sobre as relações de George W. Bush com a América Latina. Ontem no "Miami Herald", Roger Noriega, diplomata dos EUA para a região, afirmou que Powel, com a visita, terá viajado à região mais que os dois secretários anteriores.
Bush vem sendo acusado por democratas de não dar a atenção prometida aos latino-americanos. Para Noriega, ele ajudou a achar soluções para Bolívia, Venezuela e Haiti -e "em nenhum dos três nós agimos sozinhos".
O Brasil, apoiado por Argentina e Chile, atuou nos três.
 
Quanto à cadeira no Conselho de Segurança, anteontem o "Wall Street Journal" disse que "os EUA estão oferecendo seu apoio" à ambição do Brasil.

RICO E ASTUTO

Reuters
Lula na "Economist"


Em texto que abriu com o enunciado "Um teste para um Partido dos Trabalhadores mais rico e mais astuto", a revista "Economist" mostrou ontem o que os telespectadores por aqui viram dia após dia, no horário eleitoral. "Desde que Lula levou a eleição presidencial, o PT saltou à frente de seus rivais em organização e em músculo financeiro", afirma a revista. A legenda que era "majoritariamente metropolitana", avançando pouco além de São Paulo, hoje está em 94% das cidades do país, com a "máquina bem sintonizada". Mas o que interessa é São Paulo, onde PT e PSDB estão "cabeça a cabeça". Lula "pode agüentar uma derrota" na cidade, mas apenas se compensar no restante do Brasil. Se o saldo eleitoral for bom, diz a "Economist", ele pode ter em 2005 o seu ano mais "produtivo" -em reformas.

Adjetivos
Em São Paulo, a um passo do debate final, José Serra acusou a campanha de Marta Suplicy de "sórdida", Marta chamou Serra de "nefasto" -e até José Genoino avançou no embate retórico, chamando ontem o tucano de "fariseu e hipócrita".

É a mídia
Luiza Erundina reclamava ontem, na Jovem Pan, que o problema de sua candidatura foi "a mídia". Para a socialista, foi a cobertura que estimulou a "polarização" entre Marta e Serra e, depois, o voto útil.
De todo modo, no tempo que falta para o segundo turno -de acordo com a avaliação de Mauro Paulino, diretor do Datafolha, para a Jovem Pan- o que vai definir o resultado é o caminho tomado pelo eleitor malufista, não de Erundina.

Culpa de quem
A eleição não terminou no Rio nem em Fortaleza, mas os petistas abriram a temporada de recriminações.
José Genoino, presidente do PT, acusou a candidata petista no Ceará de dividir a esquerda -e foi chamado ontem por ela de "implicante", segundo a Globo On Line. E no site Carta Maior o candidato petista no Rio disse que o erro é conjunto e começou no Ceará.
Ao que tudo indica, os dois Estados ainda devem render muita avaliação interna para "as esquerdas".

Vale tudo
Depois de Geraldo Alckmin em São Paulo, Lula também em São Paulo, Garotinho no Rio de Janeiro -agora chegou a vez do ministro Luiz Dulci, em Minas Gerais.
Segundo manchete da Globo On Line, ontem, ele prometeu "recursos federais" se o seu candidato vencer. E foi uma promessa à pequena Santos Dumont, no interior mineiro.


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