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Petista descarta PSDB no governo
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) descartou a
presença de tucanos no seu governo e pediu "maturidade" ao
PSDB, como força de oposição a
sua futura administração.
"Vamos montar possivelmente
o melhor ministério que este país
já teve. Tenho muitos amigos no
meio do PSDB, mas, num primeiro momento, há poucas possibilidades de um tucano fazer parte
do governo. Não posso dizer que
nunca vai fazer porque não sei o
que vai acontecer nos próximos
três ou quatro anos", declarou.
Ao pedir maturidade, Lula respondia à declaração de anteontem do presidente Fernando Henrique Cardoso de que o "PSDB
não devia repetir o PT e fazer oposição ao país", numa "política
destrutiva". "Eles podem fazer
oposição na Câmara e no Senado.
O que precisa ter é maturidade.
Tem muita gente responsável no
PSDB que não vai fazer oposição
por oposição", disse.
As afirmações foram feitas ontem em entrevistas exclusivas aos
programas "Cidade Alerta" e
"Jornal da Record", da Rede Record. O petista defendeu a forma
como seu partido atuou durante o
governo FHC. "O PT agiu com
muita maturidade com relação ao
presidente FHC. Obviamente que
tínhamos um pensamento diferenciado do projeto que ele defendia", reagiu Lula.
Durante 30 minutos, o petista
respondeu de forma descontraída
a perguntas do apresentador do
"Cidade Alerta", José Luiz Datena, a quem chamou de "companheiro". "Não tenho medo de
descascar abacaxi porque gosto
de abacaxi. Na minha vida, nunca
tive nada fácil. Não morrer de fome até os 5 anos já foi um privilégio", disse, ao responder se administrar o país neste momento não
seria um "abacaxi".
Datena disse que Lula está vivendo um "processo de quase
santificação". "As pessoas estão
vendo no sr. quase como responsável por fazer um milagre e salvar este país. O sr. passa por um
processo de quase beatificação"
afirmou Datena.
"Acho legal o povo cobrar. Não
sou salvador da pátria, não vou fazer nenhum milagre. A única coisa que prometo é que vou trabalhar como nunca trabalhei na minha vida. Vou tratar o povo com o
respeito que eu tinha pela minha
própria mãe", respondeu Lula.
Lula afirmou ter recebido um
telefonema de Jacques Diouf, diretor-geral da FAO (Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), dispondo-se a mandar uma equipe para
estudar o programa petista de
combate à fome que pretende implantar. "Em janeiro, ele está disposto a vir ao Brasil para ajudar
neste projeto", afirmou Lula.
Ao questionar o petista sobre a
reação do mercado à seu primeiro
pronunciamento, Datena perguntou: "Não lhe parece aquela
coisa do agiota cobrando o sujeito
que deve, que não está preocupado se os filhos estão comendo ou
não e só quer receber o dinheiro?"
O presidente eleito respondeu:
"Nosso pronunciamento teve
uma repercussão positiva no
mundo inteiro. Não são incompatíveis os compromissos que assumi com o mercado com o de combater a fome".
O petista negou que vá contratar um "personal trainer" para
perder peso. "O que eu preciso é
comer menos." Lula definiu a forma como gostaria de ser chamado. "Prefiro presidente Lula [a
presidente Luiz Inácio]. Lula é
minha marca registrada. Não
quero mudar isso agora."
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