São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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Petista descarta PSDB no governo

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou a presença de tucanos no seu governo e pediu "maturidade" ao PSDB, como força de oposição a sua futura administração.
"Vamos montar possivelmente o melhor ministério que este país já teve. Tenho muitos amigos no meio do PSDB, mas, num primeiro momento, há poucas possibilidades de um tucano fazer parte do governo. Não posso dizer que nunca vai fazer porque não sei o que vai acontecer nos próximos três ou quatro anos", declarou.
Ao pedir maturidade, Lula respondia à declaração de anteontem do presidente Fernando Henrique Cardoso de que o "PSDB não devia repetir o PT e fazer oposição ao país", numa "política destrutiva". "Eles podem fazer oposição na Câmara e no Senado. O que precisa ter é maturidade. Tem muita gente responsável no PSDB que não vai fazer oposição por oposição", disse.
As afirmações foram feitas ontem em entrevistas exclusivas aos programas "Cidade Alerta" e "Jornal da Record", da Rede Record. O petista defendeu a forma como seu partido atuou durante o governo FHC. "O PT agiu com muita maturidade com relação ao presidente FHC. Obviamente que tínhamos um pensamento diferenciado do projeto que ele defendia", reagiu Lula.
Durante 30 minutos, o petista respondeu de forma descontraída a perguntas do apresentador do "Cidade Alerta", José Luiz Datena, a quem chamou de "companheiro". "Não tenho medo de descascar abacaxi porque gosto de abacaxi. Na minha vida, nunca tive nada fácil. Não morrer de fome até os 5 anos já foi um privilégio", disse, ao responder se administrar o país neste momento não seria um "abacaxi".
Datena disse que Lula está vivendo um "processo de quase santificação". "As pessoas estão vendo no sr. quase como responsável por fazer um milagre e salvar este país. O sr. passa por um processo de quase beatificação" afirmou Datena.
"Acho legal o povo cobrar. Não sou salvador da pátria, não vou fazer nenhum milagre. A única coisa que prometo é que vou trabalhar como nunca trabalhei na minha vida. Vou tratar o povo com o respeito que eu tinha pela minha própria mãe", respondeu Lula.
Lula afirmou ter recebido um telefonema de Jacques Diouf, diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), dispondo-se a mandar uma equipe para estudar o programa petista de combate à fome que pretende implantar. "Em janeiro, ele está disposto a vir ao Brasil para ajudar neste projeto", afirmou Lula.
Ao questionar o petista sobre a reação do mercado à seu primeiro pronunciamento, Datena perguntou: "Não lhe parece aquela coisa do agiota cobrando o sujeito que deve, que não está preocupado se os filhos estão comendo ou não e só quer receber o dinheiro?"
O presidente eleito respondeu: "Nosso pronunciamento teve uma repercussão positiva no mundo inteiro. Não são incompatíveis os compromissos que assumi com o mercado com o de combater a fome".
O petista negou que vá contratar um "personal trainer" para perder peso. "O que eu preciso é comer menos." Lula definiu a forma como gostaria de ser chamado. "Prefiro presidente Lula [a presidente Luiz Inácio]. Lula é minha marca registrada. Não quero mudar isso agora."



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