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PFL adota discurso que o PT usava
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao oficializar sua oposição ao
futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o PFL se apropriou ontem do discurso adotado pelo PT
nos últimos anos. Pregou o corte
de gastos com publicidade como
forma de aumentar a receita e avisou que, na elaboração do Orçamento de 2003, irá se opor a propostas que impliquem aumento
da carga tributária, que sacrificam
a população.
O PFL quer aguardar a formalização das propostas pelo PT, mas
já adiantou que é contra a prorrogação da alíquota de 27,5% do
Imposto de Renda da Pessoa Física a partir de janeiro de 2003 e a
manutenção da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
em 9%.
Em relação ao salário mínimo, o
partido defenderá a elevação, em
maio de 2003, dos atuais R$ 200
para R$ 240 "ou mais", segundo o
presidente do partido, senador
Jorge Bornhausen (SC).
Como sugestões de redução de
gastos públicos, o senador recomendou ao PT: diminuir o número de ministérios -de 28 para 10,
por exemplo-, extinguir órgãos
públicos e cargos em comissão,
diminuir despesas com diárias e
passagens e não gastar em publicidade no primeiro ano de governo, exceto com editais.
"Para obter uma receita maior
do que a prevista no Orçamento,
o governo tem duas opções: ou
aumenta a carga tributária ou corta gastos. Aumentar imposto significa transferir para a sociedade
produtiva o ônus, e isso fere nosso
programa. Cortar gastos significa
ação governamental produtiva.
Esses cortes serão bem-vindos.
No primeiro ano, o governo tem
de ser mão fechada", afirmou.
Oposição
Em reunião, a Comissão Executiva Nacional do PFL aprovou nota comunicando que o partido fará uma "oposição responsável,
fiscalizadora e guardiã das liberdades individuais e coletivas".
Com essas expressões, o PFL quer
marcar posição na defesa dos direitos humanos, da propriedade
privada e do direito de manifestações, segundo Bornhausen.
Na nota, o PFL parabeniza Lula
pela eleição e avisa que fiscalizará
o cumprimento dos compromissos assumidos pelo presidente
eleito -não permitir a volta da
inflação, exercer a soberania nas
negociações internacionais e dar
prioridade às reformas previdenciária, tributária, política, agrária
e trabalhista.
Aprovada por aclamação, numa
demonstração de unidade partidária, a nota fora elaborada previamente por Bornhausen e submetida a outros integrantes da cúpula partidária na véspera, em encontro no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente
da República, Marco Maciel, senador eleito.
Ausente, a ex-governadora Roseana Sarney (MA), senadora
eleita, que apoiou a candidatura
Lula, foi consultada por telefone.
Armadilha
O ex-senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), eleito para
novo mandato, aliado de Lula no
segundo turno, aprovou a decisão
partidária. "Foi uma posição excepcional. Tanto que ninguém
discordou dela", disse.
O baiano avisou que vai cobrar
do PT o aumento do benefício do
Programa Bolsa-Escola -de R$
15 para R$ 30- e a elevação do
salário mínimo para R$ 260. "Se
podia aumentar no governo Fernando Henrique Cardoso, porque não no do PT?"
Por outro lado, ACM alertou
que Lula pode estar caindo em
uma "armadilha" do atual governo, que está lhe transferindo o
ônus da elaboração do orçamento
do próximo ano. "É sabedoria do
governo entregar esse Orçamento
futuro ao PT. E será politicamente
errado o PT aceitar. Cairá numa
armadilha."
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