São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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PROGRAMAS SOCIAIS

Coordenador do projeto petista contra a fome afirma que novo governo também não acabará com Renda Mínima

Graziano diz que PT manterá Bolsa-Escola

LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

A gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não vai acabar com programas sociais- como o Renda Mínima e o Bolsa-Escola- já desenvolvidos pelo governo tucano de FHC.
A afirmação é do economista José Graziano da Silva, um dos coordenadores do projeto Fome Zero. O governo eleito anunciou que pretende começar a implantar o projeto no início de 2003.
"Claro que todos os programas sociais em vigor serão avaliados, mas não há possibilidade de acabar com o Renda Mínima e o Bolsa-Escola", afirmou Graziano. "O governo Lula virá para criar programas sociais, não para passar o trator nos que eventualmente estão dando certo", completou.
Para o economista, cotado para ser o titular da anunciada Secretaria Nacional de Emergência Social, as críticas que o programa vem recebendo desde o anúncio de que a nova secretaria iria começar pela criação de cartões-alimentação são fruto de "terrorismo". "O mesmo terrorismo feito na época da eleição, de que iríamos acabar com esse ou aquele programa ou romper acordos."
Dentro do projeto Fome Zero, o programa dos cartões foi anunciado na terça-feira por Graziano como uma das três principais prioridades do governo Lula no primeiro semestre da nova administração- além da abertura de 400 mil postos de trabalho para jovens e da discussão do salário mínimo. Cada cartão deve valer de R$ 50 a R$ 150, recarregáveis mensalmente, para a compra exclusiva de alimentos.
Segundo ele, nas próximas semanas técnicos da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) devem vir ao Brasil para anunciar ajuda financeira e técnica para a confecção dos cartões magnéticos que serão usados por famílias para trocar por alimentos.
"Falei há pouco [ontem] com José Turbino [representante no Brasil da FAO] e ele se dispôs a ajudar com todo o know- how de programas similares nos Estados Unidos e no México", disse ele.
Segundo Graziano, numa primeira conversa, Turbino teria lhe afirmado que os técnicos da FAO explicaram ser possível descartar o uso de tíquetes de papel.
Graziano afirmou que conversou com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e que ambos marcaram uma reunião para a segunda-feira. De acordo com o economista, Suplicy teria críticas à idéia do cartão, mas se dispôs a conversar. "Sua maior preocupação é se o Renda Mínima vai acabar, o que é impossível", afirmou Graziano.
Ontem, em entrevista à Folha, Suplicy criticou os cartões-alimentação, afirmando que oferecer benefício em dinheiro "dá liberdade de escolha, é mais racional". Os cartões anunciados por Graziano seriam somente para a compra de alimentos.
O economista reafirmou que a implantação do sistema dos cartões-alimentação deverá servir até 2 milhões de famílias ou 9 milhões de pessoas no primeiro ano de governo petista de Lula.
A idéia, segundo Graziano, é que o benefício seja custeado com doações de órgãos internacionais, com recursos do orçamento -principalmente do Fundo de Combate à Pobreza- e também com a possibilidade de incentivos fiscais a empresários que quiserem colaborar com o projeto.


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