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Fax pede "rapidez" após eleição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento obtido pela Folha
adiciona mistério ao caso da utilização do Senado em lobby contra
o erário. Trata-se de fax enviado
por José Goulart Quirino ao gabinete de Ramez Tebet.
O texto faz menção ao "crédito-prêmio de IPI". E anota: "... após
proclamados os resultados da
apuração das eleições precisamos
agir com rapidez -com os
apoios combinados- para que se
possa proceder as recuperações
ainda no atual governo ..."
A carta é endereçada ao chefe de
gabinete de Tebet, Eustáquio de
Lacerda. Ouvido, confirma ter recebido a carta. Chegou na última
segunda-feira.
Lacerda diz só ter lido o texto na
terça-feira, dia em que a Folha
procurou Tebet. Discou para Quirino que, segundo conta, negou
que estivesse invocando indevidamente o nome do senador. E
sobre a carta, o que disse? "Eu podia ter ido a fundo", diz Lacerda,
"mas estava meio tenso".
Quirino enviou também a Lacerda uma "relação de negócios"
com os nomes de 128 empresas
que o teriam contratado. "Até o final de outubro/2002 todos os processos já estarão protocolados
(SRF)", informa.
"Negócios"
O repórter localizou na Receita
Federal sete processos em que
Quirino figura como "procurador". Constam da "relação de negócios" enviada ao Senado. Somam R$ 593,4 milhões.
As empresas são as seguintes: 1)
Açucareira Corona S.A.; 2) Plastamp Indústria e Comércio de
Plástico Ltda.; 3) Interunion Comércio Internacional Ltda.; 4)
Corticeira Paulista Ltda.; 5) Samputensili do Brasil Ltda.; 6) Curtume Monte Aprazível Ltda.; 7) Cia
Hering.
Ouvido, o secretário da Receita,
Everardo Maciel, confirmou o ingresso dos pedidos. Considerou-os "risíveis, ridículos". Determinou que fossem "indeferidos, por
ineptos". Duas portarias baixadas
por Maciel impedem a modalidade de ressarcimento pleiteada por
Quirino.
No diálogo telefônico que manteve com o repórter, imaginando
que conversava com um consultor empresarial, Quirino disse: "A
Receita está fora do processo decisório". "O chefe da Receita tem
chefe", declarou o advogado.
Em documento que faz circular
entre os empresários, José Goulart Quirino menciona decisões
favoráveis aos exportadores proferidas pelo Conselho de Contribuintes, uma instância de recursos da Fazenda.
Segundo a Folha apurou, o conselho, de fato, vem dando ganho
de causa a exportadores em pedidos de ressarcimento de "crédito-prêmio de IPI".
De resto, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) menciona
num de seus apensos ("Anexo de
Riscos Fiscais") os "riscos de dívida" a que o governo está sujeito.
Entre eles "os créditos fiscais decorrentes do crédito-prêmio do
IPI".
Na última frase da carta que enviou ao chefe de gabinete de Ramez Tebet, o advogado Quirino
escreveu: "Como avençado, repasse cópia de tudo ao dr. Marco
Maciel, MD. vice-presidente da
República". Ouvido, Maciel disse,
por meio de sua assessoria: 1) "jamais recebi documentos relacionados a esse tema"; 2) "nunca ouvi falar de José Goulart Quirino".
(JS)
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