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OUTRO LADO
Ramez Tebet diz ser "vítima" e pede ação da PF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Eu sou a vítima", disse o
presidente do Senado à Folha.
Ramez Tebet (PMDB-MS) afirmou que não autorizou o advogado José Goulart Quirino a falar em seu nome. Tachou de
"falsos" os documentos exibidos pelo advogado. Acionou a
Polícia Federal.
A Folha conversou com Ramez Tebet em três oportunidades. A primeira delas, pelo telefone, na tarde da última terça-feira. O repórter informou sobre a existência de contrato e
procuração vinculando seu nome ao advogado José Goulart
Quirino.
Tebet pediu para ver o contrato. "Estou achando que não
é a minha assinatura... Deixa eu
ler isso. Às vezes ele me pediu
alguma coisa, não sei. Eu não
tinha razão para isso... Se essa
assinatura for minha, me levaram no bico".
Ao saber que seu nome vem
sendo invocado em reuniões
com empresários, Tebet foi categórico: "Eu não faço advocacia administrativa. Se estão
usando meu nome, o fazem indevidamente".
Na noite da mesma terça-feira, Tebet recebeu o repórter em
seu gabinete. Ao manusear o
contrato e a procuração disse:
"Tem todas as características
de uma assinatura minha. Mas
não me lembro de ter assinado
isso. Não tenho dúvida de que é
falso".
Tebet contou ter conhecido
Quirino no Mato Grosso do
Sul. Contratou-o, na década de
90, para cuidar do inventário
do sogro.
"Ele se portou corretamente", afirmou o senador. "Mas
há muito tempo não o vejo. Pelo que sei, não anda batendo
bem da bola", completou o
presidente do Senado.
Examinando a cópia do contrato, Tebet notou que a única
firma reconhecida em cartório
é a de Quirino.
O documento faz, de resto,
menção a regalias supostamente concedidas ao advogado.
Entre elas a abertura de endereço eletrônico e a emissão de
crachá do Senado.
Constatações
Após verificação, constatou-se: 1) embora tenha solicitado
e-mail, não o obteve; 2) o crachá de que dispõe é de 1989,
época em que atuava como assessor do então senador Wilson Martins (PMDB-MS).
Na manhã de quarta-feira,
Tebet buscou auxílio jurídico.
Consultou-se com o advogado
Cláudio Bonato Fruet. Ele esteve na redação da Sucursal da
Folha em Brasília para relatar
as providências tomadas.
Além do pedido de investigação da PF, Tebet enviou ofícios
à Receita e ao Tesouro. Desautoriza o uso de seu nome por
Quirino.
Na visita à redação da Folha,
o advogado Bonato Fruet trouxe uma fita cassete. Continha
conversa telefônica do chefe de
gabinete de Ramez Tebet, Eustáquio Lacerda, com José Goulart Quirino. O diálogo teria
ocorrido na manhã de quarta-feira.
O repórter ouviu a fita. Em
tom cordial, Eustáquio pede a
Quirino explicações sobre o
contrato e a procuração. O advogado conta que demitiu três
funcionários recentemente. E
insinua que podem ser eles os
responsáveis pelo documento.
Pede que seja marcada uma
conversa com Tebet, "olho no
olho".
Em certo trecho da conversa,
Quirino pede que o assunto seja resolvido internamente,
"sem vazamentos". E ameaça:
"Se a conversa pessoal não for
suficiente, eu, José Quirino,
vou tomar as providências cabíveis. Só que se eu tomar as
providências, o nome dele vai
para a mídia (...) Ele tem, politicamente, muita coisa a perder.
Eu também tenho".
A Folha tentou localizar Quirino. Não obteve êxito. DEixou
recado em seu escritório em
São Paulo e em seus dois telefones celulares, encontravam-se
fora do ar. Tampouco estava
no hotel em que costuma se
hospedar em Brasília.
(JOSIAS DE SOUZA)
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