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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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EM REFORMAS

Ministro diz que presidente vai discutir trocas ao voltar da África

Por ordem de Lula, Dirceu descarta renúncia coletiva

Alan Marques/Folha Imagem
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em entrevista na saída do Palácio da Alvorada, depois de encontro com o presidente


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Dirceu (Casa Civil) descartou ontem, a pedido de Luiz Inácio Lula da Silva, a renúncia coletiva de ministros e informou que a reforma ministerial só será discutida depois da viagem do presidente à África, que termina no próximo dia 8.
"Ontem [anteontem] falei com o presidente e ele deixou claro que em nenhum momento cogitou uma demissão coletiva do ministério. Não há nenhuma hipótese de a reforma ser dessa forma", afirmou Dirceu. "Quando o presidente voltar da África, vai tomar a decisão de quando e como será feita a reforma", completou.
Lula planeja fazer uma reforma ministerial para substituir ministros considerados ineficientes, tentar melhorar o desempenho da máquina administrativa e inserir de vez o PMDB no governo, novela que se arrasta há quase um ano.
A idéia de renúncia coletiva surgiu dentro do próprio governo para poupar Lula de demitir ministros, alguns dos quais de sua relação pessoal. É comum em vésperas de reforma, mas raras no presidencialismo. Segundo lembrou o próprio Dirceu ontem, o Brasil tem um regime presidencialista e o presidente pode nomear ministros e secretários sem uma renúncia coletiva.
O ministro negou que a idéia da renúncia coletiva tivesse sido derrubada devido a um suposto mal-estar nos ministérios. "A hipótese da renúncia coletiva foi afastada pelo presidente, que fez questão que eu desse essa entrevista dizendo isso. É preciso deixar claro para a opinião pública que isso não existe", declarou Dirceu.

PMDB no governo
A adesão do PMDB ao governo começou a ser discutida no final de 2002, quando Lula montava a equipe de ministros. O partido apoiou a candidatura presidencial derrotada de José Serra (PSDB) e, na época, namorava a idéia de compor uma frente de oposição com os tucanos e o PFL.
Dirceu chegou a negociar dois ministérios, Minas e Energia e Integração Nacional, com o partido. Mas, sem a convicção de que teria no Congresso os votos de uma sigla tradicionalmente dividida, Lula desautorizou o acordo.
Com a eleição de José Sarney para presidir o Senado, a cooptação de Renan Calheiros (AL) e a indicação de um líder afinado na Câmara, Eunício Oliveira (CE), o Planalto começou a incorporar o PMDB ao governo com cargos no segundo e terceiro escalões. Com o final da votação das reformas, a sigla enfim deve ganhar os sonhados cargos no primeiro escalão.
O PMDB quer três, mas deve levar dois. Lula ainda não decidiu quais. Os nomes mais cotados no partido são os dos senadores Romero Jucá (RR), ao qual o PT tem objeções por ter sido líder no governo passado, Garibaldi Alves (RN) e Hélio Costa (MG), se a pasta for a de Comunicações. Eunício Oliveira é o nome mais cotado da Câmara para assumir.

Lula e os cenários
Lula avalia mais de um cenário de reforma. Um deles seria a inclusão pura e simples do PMDB. Outro prevê uma faxina completa na Esplanada, com o enxugamento do número de ministros e a fusão de órgãos para acabar com a superposição de funções, especialmente na área social.
Segundo a Folha apurou, estão garantidos em seus cargos apenas os ministros que integram o chamado " núcleo duro" do governo, formado por José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
Um grupo de cinco ministros frequentam assiduamente as listas do PT e de auxiliares de Lula no Planalto de possíveis demissionários: Anderson Adauto (Transportes), Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), Miro Teixeira (Comunicações), Olívio Dutra (Cidades) e Cristovam Buarque (Educação). (FERNANDA KRAKOVIC e RAYMUNDO COSTA)


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