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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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Petista se diz "humilde" por pedir desculpa a FHC e admitir "excesso"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após ligar para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para se desculpar por críticas feitas anteriormente, o ministro José Dirceu (Casa Civil) disse ontem que é uma pessoa "humilde" e que procura se corrigir quando comete "excesso".
Responsável por centralizar decisões de diferentes esferas -que vão desde a condução das reformas tributária e da Previdência até a questão dos transgênicos-, o ministro é apontado como "autoritário" por parte da oposição e por uma ala do próprio PT.
Em sua crítica mais contundente contra o ex-presidente, Dirceu havia dito que FHC deveria cuidar de sua biblioteca e de seus netos, em vez de criticar o atual governo. Os dois travaram um bate-boca público na semana passada durante viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Espanha.
"O ex-presidente está no Olimpo. Vou deixar os deuses em paz. Ele tem é que escrever suas memórias, cuidar da biblioteca, dos netos. O Brasil está avançando. Não reconhecer isso é mesquinharia. O resto são vaidades", disse Dirceu, após FHC afirmar que o atual governo não tinha imaginação na área social.
O ministro aproveitou para responder à bancada do PSDB na Câmara, que em nota divulgada na semana passada disse, entre outras coisas, que ele deveria saber como é ter um neto. "Eu tenho uma neta linda, a Camila, de nove anos", afirmou Dirceu.
Questionado se também possuía uma biblioteca, o ministro respondeu que tem várias, mas perdeu algumas "na vida, fugindo da polícia, na clandestinidade".
Dirceu ligou para FHC, que está nos Estados Unidos, anteontem. O embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, fez a intermediação. "Não posso falar em nome do governo. Fui eu quem fiz as críticas, mas como a imprensa já divulgou, retirei o exagero que cometi, até por uma questão de educação", afirmou Dirceu. O ministro, porém, disse que mantém a crítica política a FHC.
O ex-presidente havia dito à Folha que o ministro "telefonou e disse que não queria ser agressivo, com ataques pessoais". Segundo Dirceu, FHC declarou que não sabia que o presidente Lula estaria na Espanha quando deu a entrevista ao jornal espanhol "El País", criticando o atual governo.
"Conversamos da forma que sempre nos relacionamos, com sinceridade e cordialidade, ainda que estejamos em campos opostos na política partidária", disse o ministro da Casa Civil. (FK)


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