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Petista se diz "humilde" por pedir desculpa a FHC e admitir "excesso"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após ligar para o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) para se desculpar por críticas feitas anteriormente, o ministro José Dirceu
(Casa Civil) disse ontem que é
uma pessoa "humilde" e que procura se corrigir quando comete
"excesso".
Responsável por centralizar decisões de diferentes esferas -que
vão desde a condução das reformas tributária e da Previdência
até a questão dos transgênicos-,
o ministro é apontado como "autoritário" por parte da oposição e
por uma ala do próprio PT.
Em sua crítica mais contundente contra o ex-presidente, Dirceu
havia dito que FHC deveria cuidar
de sua biblioteca e de seus netos,
em vez de criticar o atual governo.
Os dois travaram um bate-boca
público na semana passada durante viagem do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva à Espanha.
"O ex-presidente está no Olimpo. Vou deixar os deuses em paz.
Ele tem é que escrever suas memórias, cuidar da biblioteca, dos
netos. O Brasil está avançando.
Não reconhecer isso é mesquinharia. O resto são vaidades", disse Dirceu, após FHC afirmar que
o atual governo não tinha imaginação na área social.
O ministro aproveitou para responder à bancada do PSDB na
Câmara, que em nota divulgada
na semana passada disse, entre
outras coisas, que ele deveria saber como é ter um neto. "Eu tenho uma neta linda, a Camila, de
nove anos", afirmou Dirceu.
Questionado se também possuía uma biblioteca, o ministro
respondeu que tem várias, mas
perdeu algumas "na vida, fugindo
da polícia, na clandestinidade".
Dirceu ligou para FHC, que está
nos Estados Unidos, anteontem.
O embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, fez a intermediação. "Não posso falar em
nome do governo. Fui eu quem fiz
as críticas, mas como a imprensa
já divulgou, retirei o exagero que
cometi, até por uma questão de
educação", afirmou Dirceu. O ministro, porém, disse que mantém
a crítica política a FHC.
O ex-presidente havia dito à Folha que o ministro "telefonou e
disse que não queria ser agressivo,
com ataques pessoais". Segundo
Dirceu, FHC declarou que não sabia que o presidente Lula estaria
na Espanha quando deu a entrevista ao jornal espanhol "El País",
criticando o atual governo.
"Conversamos da forma que
sempre nos relacionamos, com
sinceridade e cordialidade, ainda
que estejamos em campos opostos na política partidária", disse o
ministro da Casa Civil.
(FK)
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