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PROPINODUTO
Somadas, as penas chegam a 248 anos; advogados dos réus vão recorrer, e procurador vai apelar por pena maior
Justiça condena 22 acusados de corrupção
FERNANDA DA ESCÓSSIA
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
Vinte e dois réus acusados no
processo do "propinoduto", o suposto esquema de corrupção de
fiscais e auditores do Rio, foram
condenados ontem à prisão por
crimes como concussão (corrupção cometida por funcionário público), lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal.
Somadas, as penas chegam a
248 anos e seis meses, de acordo
com a sentença do juiz da 3ª Vara
Criminal Federal do Rio, Lafredo
Lisboa. A decisão permite recurso. Os advogados dos réus condenados disseram que vão recorrer.
O procurador do Ministério Público Federal Gino Liccione apelou da decisão. Ele quer aumentar
as penas inferiores a 15 anos.
Estão bloqueados pela Justiça
da Suíça pelo menos US$ 33,6 milhões nas contas dos fiscais e auditores no DBTC (Discount Bank
and Trust Company, hoje Union
Bancaire Privée). Ao todo, a movimentação bancária dos fiscais e
auditores na Suíça -considerando valores sacados- chegou a
US$ 61,6 milhões, segundo a Justiça Federal.
Os 12 fiscais da Secretaria de Fazenda do Estado do Rio e auditores da Receita Federal acusados
estão presos desde abril. Ontem,
Lisboa decretou ainda a perda dos
cargos ocupados por eles.
O juiz determinou também a
comunicação da decisão ao Ministério da Justiça para que seja
iniciado o processo de repatriação
do dinheiro depositado na Suíça.
O fiscal Rodrigo Silveirinha,
subsecretário de Administração
Tributária no governo de Anthony Garotinho (1999 a abril de
2002), foi condenado a 15 anos de
prisão. Na conta em seu nome há
US$ 8,7 milhões, e sua movimentação foi de US$ 20 milhões.
As penas mais altas foram as
dos fiscais Carlos Eduardo Pereira
Ramos e Rômulo Gonçalves e do
auditor Hélio Lucena Ramos da
Silva, condenados a 17 anos e seis
meses de prisão.
Os fiscais e auditores foram absolvidos da acusação de formação
de quadrilha, pois a Justiça entendeu que agiam sozinhos e que não
era possível provar a atuação conjunta, a existência de um líder ou
de um local de reunião.
Os réus também foram multados. Os maiores valores foram
imputados a Pereira Ramos e
Gonçalves: R$ 216 mil.
Outros cinco réus que estavam
soltos tiveram a prisão decretada,
mas ontem mesmo conseguiram
habeas corpus no TRF (Tribunal
Regional Federal) para esperar
em liberdade o julgamento das
apelações.
Entre eles, estão os empresários
de futebol Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, procuradores do
atacante Ronaldo (Real Madrid).
Foram condenados a 11 anos de
prisão, acusados de ser os doleiros
do esquema, remetendo o dinheiro para o exterior.
Foram condenados a nove anos
e seis meses de prisão Herry Rosenberg e Ronaldo Adler, sócios
da Coplac, representante do
DBTC no Rio e por onde as contas
foram abertas. A secretária da Coplac, Marlene Rozen, foi condenada a oito anos e seis meses.
Quatro funcionários de Pitta e
Martins foram condenados a três
anos de prisão, acusados de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. O lobista Romeu Sufan foi
condenado à mesma pena, por
participação em concussão. Ele
confessou ter pedido à concessionária de energia Light propina de
US$ 2 milhões, em nome dos fiscais, em troca de redução de uma
multa. Sufan e os quatro funcionários foram condenados ao regime aberto. A prisão será substituída por uma pena alternativa.
Ao todo, 24 pessoas foram processadas. A auditora Márcia Rodrigues da Rocha, ex-mulher do
auditor Hélio Lucena e que era a
beneficiária de sua conta, foi a
única absolvida. O Ministério Público recorrerá da absolvição.
Foi desmembrado o processo
do 24º réu, Marcelo Fernandes
Mesquita, funcionário de Pitta e
Martins. Um laudo pericial apontou que ele tem problemas psicológicos. Novo laudo foi solicitado
pelo Ministério Público Federal.
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