São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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Vestidos de preto, jovens fazem protesto contra a vitória de Paes no Rio

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Organizados pela internet sem o apoio de partidos, pelo menos 2.000 jovens protestaram ontem, no centro do Rio, contra o que chamam de irregularidades na campanha do prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB). Cinco dias após o segundo turno, a mobilização se tornou um dos maiores atos eleitorais do ano na cidade.
Os organizadores disseram que o movimento é a favor "da democracia e da Justiça Eleitoral" e negaram que tenha relação com Fernando Gabeira (PV), candidato derrotado.
Vestidos de preto, com rostos pintados de verde e amarelo e com fitas brancas e azuis (cores da bandeira do Rio), cerca de 2.000 pessoas, segundo a PM -5.000, para os organizadores-, caminharam por duas horas pelas ruas do centro.
O protesto foi organizado por uma comunidade (com mais de 13 mil membros) do site de relacionamentos Orkut e por um blog, ambos com o nome Movimento Pró-Democracia. As pessoas levaram caixões e cartazes que "anunciaram" a "morte da democracia".
Os organizadores afirmam que não querem, a princípio, a anulação da eleição. Pedem que o TRE julgue, antes da diplomação de Paes como prefeito, todos os processos de irregularidades encontradas por fiscais eleitorais. Eles dizem que não se trata de uma manifestação pró-Gabeira (PV), derrotado no domingo por 55 mil votos de diferença.
"Fomos ao TRE e levantamos o que foi apurado no segundo turno como irregularidade. Apresentaram 18 processos, todos contra um candidato. Se o Paes cometeu crimes eleitorais, o problema é dele. O que nós queremos é que se apure o que ocorreu e se defina a punição, se houve irregularidade", afirmou Pablo Leal, 25, um dos seis organizadores.
Um dos alvos do protesto foi o presidente em exercício do TRE, desembargador Alberto Motta Moraes, que afirmou em entrevista ao jornal "O Globo" que o ato se tratava de "manifestação de perdedor". "Quem é o perdedor?", gritaram os jovens em frente ao TRE.
A maioria dos manifestantes ouvidos afirmou ter ficado no Rio no domingo -não contribuído para a alta abstenção- e votado em Gabeira, mas o verde não era unanimidade. Eleitor de Paes no segundo turno, Guilherme Figueira, 25, estudante de direito, foi à concentração na Cinelândia porque presenciou "coisas sórdidas" no dia da eleição.
"Vi gente com bandeira do Paes na minha zona eleitoral. Votei nele porque as propostas me seduziram mais. Mas acho que a forma como o Gabeira fez a campanha é a mais correta."
Gabeira afirmou que não compete a ele "avaliar manifestações". "Nosso setor jurídico está acompanhando a conclusão dos processos", disse. Ele elogiou a defesa da campanha limpa nas eleições. Eduardo Paes não quis comentar a manifestação ontem.


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