São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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Duda Mendonça pede desbloqueio de bens

Publicitário, que disse ter recebido R$ 10,5 milhões no exterior a pedido de Marcos Valério, foi envolvido no caso mensalão

Defesa do marqueteiro, que fez a campanha de Lula em 2002, afirma que Duda assumiu a sonegação fiscal e pagou mais de R$ 5 milhões

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os advogados do publicitário Duda Mendonça pediram ao STF (Supremo Tribunal Federal) o desbloqueio dos bens dele e de sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira. Advogados alegam que o congelamento dos bens está causando a "asfixia" de empresas do publicitário.
Duda -que fez a campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002- teve os bens bloqueados por envolvimento no esquema do mensalão. Em 2005, ele admitiu ter recebido no exterior o equivalente a R$ 10,5 milhões como forma de pagamento por campanhas petistas.
O bloqueio de bens foi determinado pelo STF em junho de 2006, após pedido do Ministério Público Federal.
No pedido do desbloqueio enviado ao STF, os advogados alegam que o publicitário já fez o pagamento de mais de R$ 5 milhões, assumiu a sonegação fiscal e tem pagado prestações de valores devidos.
O documento fala ainda que Duda e Zilmar "sofreram longa e minuciosa devassa promovida pela Receita Federal", além de terem as contas de suas empresas examinadas.
O advogado de Duda, Tales Castelo Branco, afirma que "dois anos se passaram e nada foi apurado que pudesse comprovar prejuízos causados à administração pública em razão de fraudes em licitação". Esse foi o argumento utilizado pela Procuradoria Geral da República para pedir o bloqueio.
O pedido ao Supremo informa ainda que a vida do publicitário, desde o escândalo, foi "esquadrinhada". Os reflexos financeiros teriam sido o fechamento de escritórios de suas empresas e demissões.
O advogado disse ainda que o bloqueio dos bens é uma antecipação indevida da pena.
A empresa de Duda foi colocada sob suspeita na CPI dos Correios em agosto de 2005. Na CPI, ele disse ter sido orientado por Marcos Valério, apontado como um dos articuladores do esquema do mensalão, a abrir uma empresa "offshore" nas Bahamas para receber dívidas do PT com campanhas.
Antes de prestar depoimento, Duda transferiu de sua conta no BankBoston R$ 2,5 milhões para a Nov Patrimonial Ltda. A transferência teria ocorrido, segundo a CPI, porque ele temia ter o dinheiro retido, o que acabou ocorrendo, com a indisponibilidade de bens decretada pelo Supremo em junho de 2006.
Duda e Zilmar são acusados pela Procuradoria Geral da República, entre outras coisas, de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Depois de ficar afastado de campanhas políticas em 2006, segundo ele, por causa do escândalo do mensalão, Duda Mendonça voltou ao marketing político neste ano, vencendo campanhas em Fortaleza, Belém, São Luís e Belo Horizonte, onde atuou como consultor no segundo turno.


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