São Paulo, domingo, 1 de novembro de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Empresa ganhou licitação para fazer pesquisas para a Presidência
Governo paga R$ 4,1 mi a assessor de campanha de 94


EMANUEL NERI
da Reportagem Local

Em apenas 15 meses -de fevereiro do ano passado a agosto deste ano -, a Presidência da República gastou R$ 4,1 milhões em um contrato com a MCI - Marketing Estratégia e Comunicação Institucional, que pertence ao cientista político Antônio Lavareda.
Lavareda trabalhou nas duas campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso. A partir da leitura e da interpretação das pesquisas, Lavareda orienta a estratégia eleitoral.
Junto com os marqueteiros da campanha, Lavareda tem sido uma peça importante nas campanhas de FHC, na realização e interpretação de pesquisas.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que o contrato de Lavareda com o governo se refere a uma consultoria prestada por sua empresa na área de comunicação. Segundo a secretaria, houve licitação para a contratação da MCI.
A documentação sobre o pagamento à empresa de Lavareda consta do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira). O desembolso é feito em parcelas mensais. Em janeiro deste ano, foram duas parcelas -uma de R$ 246,8 mil e outra de R$ 53,4 mil.
Mas o maior desembolso do Tesouro com a empresa de Lavareda ocorreu em outubro do ano passado, com R$ 430,5 mil. Em 98, as maiores valores foram pagos no último mês de maio, com R$ 395,8 mil, e em abril, com R$ 344,1 mil.

Outro lado
O secretário de Comunicação Social da Presidência da República, embaixador Sergio Amaral, afirmou que a MCI foi contratada por meio de licitação, da qual participaram duas outras empresas. "Eu não poderia chegar para o Lavareda e dizer: "Você ganhou, mas não pode levar'", afirmou.
"Quase todas as grandes empresas do setor prestam serviço para o governo", declarou o embaixador. Ele citou como exemplo o Vox Populi. "Esse instituto presta serviço para o Ministério do Trabalho. Se tivesse feito a campanha, a mesma coisa poderia ser dita."
Amaral afirma que a Secom realiza um trabalho de pulverização da propaganda oficial, hoje de responsabilidade de 45 agências.
A Folha telefonou três vez durante a semana para Antônio Lavareda. Sua secretária, Adriana, disse que ele não estava. A Folha também deixou recados para Lavareda, sem obter contato, em Recife, onde ele também trabalha.



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