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CONGRESSO
Segundo demitidos, idéia é "embolsar' o dinheiro
Deputados perdem e contratam parentes
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
Deputados que não conseguiram
a reeleição estão demitindo funcionários dos seus gabinetes para
contratar parentes ou aumentar os
salários dos já contratados. Já os
deputados reeleitos estão reduzindo os salários dos cabos eleitorais
nos seus Estados.
Já ocorreram mais de 150 alterações salariais no secretariado parlamentar após as eleições -em
períodos normais, não acontecem
mais do que 50 por mês. Cada deputado tem R$ 20 mil por mês para contratar até 16 funcionários.
O deputado Osmir Lima
(PFL-AC), derrotado nas eleições,
demitiu seis funcionários do seu
gabinete, gerando uma economia
de R$ 5.950. No dia 19 de outubro,
contratou a mulher, Maria Elizabeth do Valle Lima, com salário de
R$ 4.000 (o máximo permitido).
Em quatro meses (de outubro a
fevereiro), o deputado terá um reforço de R$ 16 mil na renda familiar. Um de seus filhos, George
Luís, teve um aumento de R$
3.000 para R$ 4.000. Já a filha Roberta Cristina teve uma redução
de R$ 3.200 para R$ 2.200.
Osmir ficou conhecido nacionalmente ao ser citado pelos
ex-deputados Ronivon Santiago
(PFL-AC) e João Maia (PFL-AC)
como um dos parlamentares que
teriam vendido seu voto a favor da
emenda da reeleição por R$ 200
mil, em janeiro de 1997.
Antonio Balhmann Nunes Filho
(PSDB-CE) também perdeu a eleição. Demitiu funcionários do seu
gabinete e reforçou os salários de
outros assessores. Fernando Plutarco teve o salário aumentado de
R$ 700 para R$ 3.700; Lucy Teles
Nunes, de R$ 800 para R$ 4.000.
Funcionários demitidos por
Balhmann disseram à Folha que o
deputado vai "embolsar" o aumento concedido. Só nesses dois
casos, seriam R$ 6.200 por mês.
Pianista
O deputado Valdomiro Meger
(PFL-PR), outro derrotado nas
eleições, fez 11 alterações em seu
gabinete neste mês. A filha Ângela
Fabiana teve um aumento de R$
600 para R$ 2.000. Julieta Almendra de Souza passou de R$ 150 para R$ 1.000, e Janeide Menezes Oliveira, de R$ 300 para R$ 2.000.
Para compensar, o salário da outra filha de Meger, Ana Paula, caiu
de R$ 4.000 para R$ 1.250; o do assessor Lúcio Capelaço, de R$ 3.500
para R$ 2.000; e o de Ana Paula
Dias, de R$ 1.700 para R$ 1.000.
Meger ganhou destaque na mídia nacional em março deste ano,
quando foi envolvido em fraude
em votação na Câmara. O deputado José Borba (PTB-PR) foi flagrado votando em seu lugar ("tocando piano", na gíria do Congresso). Meger estava no Paraná.
Cabos eleitorais
Deputados eleitos também estão
reformulando seus gabinetes. Estão demitindo os cabos eleitorais
nos Estados ou reduzindo seus salários. Com a economia, pretendem reforçar os salários dos assessores que trabalham em Brasília.
O deputado João Tota
(PPB-AC), reeleito, fez dez alterações em seu gabinete em outubro.
Ele mantinha apenas dois secretários parlamentares em Brasília
desde 25 de maio, quando assumiu o mandato. Outros 14 funcionários trabalhavam no Acre.
Segundo informou um assessor
do deputado, essas 14 pessoas trabalharam como cabos eleitorais,
ajudando a reeleger o deputado.
Não serão demitidas, mas terão os
seus salários reduzidos para que o
deputado possa reforçar a equipe
do seu gabinete em Brasília.
Geraldo Pastana (PT-PA) perdeu a eleição, mas também está reduzindo o salário dos seus cabos
eleitorais. Ele fez dez alterações salariais no seu gabinete. O deputado manteve três assessores em
Brasília durante a campanha e outros 11 no Estado.
A contratação de cabos eleitorais
com verba destinada à contratação de secretários parlamentares
foi intensificada depois que o presidente da Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), aumentou a cota de
R$ 10 mil para R$ 20 mil, em março de 1997.
Depois do aumento, o deputado
Chicão Brígido (PMDB-AC) também passou a embolsar parte do
salários de seus funcionários (R$
8.000). O deputado relatou o fato
em conversa gravada por um servidor. Foi absolvido no plenário
da Câmara.
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