São Paulo, domingo, 1 de novembro de 1998

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Lula diz que errou ao não dar prioridade à campanha em SP

leonardo Colosso - 7.out.98/Folha Imagem
Luiz Inácio Lula da Silva, mais votado na maioria das cidades do RS


da Reportagem Local

Para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o principal motivo de a eleição presidencial não ter ido para o segundo turno foi a margem de 5 milhões de votos com que o presidente Fernando Henrique Cardoso ganhou em São Paulo.
"Não conseguimos que a Marta (Suplicy, candidata derrotada do PT ao governo paulista) tivesse a minha votação, nem eu tive a somatória dos votos dela e do (Francisco) Rossi (candidato a governador pelo PDT, partido coligado ao PT na eleição presidencial)", disse em entrevista à Folha.
Lula recebeu 4,7 milhões de votos em São Paulo, enquanto Marta (3,7 milhões de votos) e Rossi tiveram, juntos, 6,6 milhões de votos para governador.
Ele acha que errou ao não ter priorizado a campanha do Estado: "Isso tem sido um problema crônico. Como há muitas lideranças fortes do partido, sempre deixo a campanha em São Paulo para os companheiros e me embrenho pelo Brasil afora".
Em relação ao pleito de 1994, Lula melhorou sua votação proporcional no Estado: recebeu 28,8% dos votos válidos em 1998, contra 27% na eleição anterior. Esse crescimento, entretanto, foi menor do que o da média nacional.
Quando enfrentou FHC pela primeira vez, o petista obteve 27% dos votos válidos no país (o mesmo que no Estado). Desta vez, sua votação cresceu para 31,7% no conjunto das 27 unidades da Federação e acabou sendo maior do que a média em São Paulo.
Ele acha que a recessão e a política econômica do governo tiveram efeito sobre o resultado eleitoral paulista: "Em momentos de crise profunda, há um reflexo que afeta negativamente os movimentos sociais (que ajudam o PT eleitoralmente)".
Ao mesmo tempo, Lula acredita que os efeitos positivos do Plano Real foram sentidos mais intensamente em São Paulo.
"Além disso, as forças contra mim eram muito fortes", diz.
Segundo ele, as emissoras de TV "não falaram" da campanha presidencial. "Se tivesse havido um debate entre mim e o Fernando Henrique Cardoso, poderíamos ter crescido mais em São Paulo".
Ele já faz planos para a próxima campanha, seja ele candidato a presidente ou não: "São Paulo e Minas merecem muito mais atenção. Nos próximos quatro anos vamos trabalhar mais".
O petista avalia que, apesar da eleição de Zeca do PT para o governo de Mato Grosso do Sul, ainda falta ao partido uma presença mais forte no Centro-Oeste.
Mas acha que o PT cresceu nessas eleições. Mesmo nos Estados onde o partido não conseguiu eleger senadores ou deputados, Lula avalia que foram formadas novas lideranças importantes.
Sobre os locais onde foi mais votado do que FHC, Lula acredita que eles têm em comum o fato de serem socialmente mais organizados: "Nós ganhamos nas cidades onde há movimentos populares, sindicatos, onde as pessoas conseguem obter informação".
A respeito do Rio Grande do Sul, onde foi o candidato a presidente mais votado pela terceira vez, afirma: "Aquele povo teve um certo privilégio em relação ao resto do país: educação e comida". (JRT)


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