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Presidente afirma que vitória foi "ampla, geral e irrestrita"
da Reportagem Local
Para o presidente Fernando
Henrique Cardoso, sua vitória na
eleição deste ano foi, do ponto de
vista geográfico, "ampla, geral e
irrestrita" -uma alusão ao lema
do movimento que pedia anistia
política no país durante o regime
militar.
Em entrevista por telefone à Folha anteontem à tarde, ele enfatizou o fato de ter obtido mais da
metade dos votos válidos em São
Paulo, Minas Gerais e Paraná, por
exemplo.
Trata-se de um contraponto às
análises segundo as quais ele foi
reeleito graças à vitória no interior
do Brasil, os chamados grotões.
"O Brasil dinâmico e moderno
votou em mim", avalia.
O presidente coloca o Centro-Oeste, onde recebeu sua maior
votação proporcional, nesse mesmo grupo.
Alguns Estados da região, como
o Mato Grosso, se beneficiaram
economicamente de obras federais, como a hidrovia do Madeira e
a eletrificação rural.
Lula
Quanto aos locais onde foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva, FHC não acredita que o ponto
em comum dessas regiões seja o
fato de terem uma classe média assalariada forte.
Também duvida que o desemprego tenha influenciado no resultado das urnas: "Não acredito. O
desemprego é forte em São Paulo,
onde eu ganhei".
Ele debita a derrota no Rio Grande do Sul e a queda de sua votação
no Nordeste a questões regionais.
No caso do Nordeste, o presidente avalia que a candidatura do
ex-governador cearense Ciro Gomes recebeu votos que poderiam
ser seus se não houvesse um presidenciável nordestino.
Além disso ele lembra que o voto
oposicionista em algumas áreas
do Nordeste pode ter sido fruto da
seca na região.
"O Nordeste cresceu quase o
dobro do Brasil, mas a elite da região continua se sentindo marginalizada", afirma.
Sobre a derrota no Rio Grande
do Sul ele alinha uma série de causas, que vão desde o autonomismo
gaúcho até o fato de o PT de Lula
estar mais enraizado no Estado do
que o seu PSDB.
Transição
Na sua opinião, os gaúchos estão
vivendo um período de transição:
a reestruturação econômica do
Estado -que segundo ele se industrializou nesses quatro anos-
ainda não produziu todos os seus
efeitos benéficos.
Ao mesmo tempo, afirma, as altas taxas juros penalizaram os pequenos agricultores e a integração
proporcionada pelo Mercosul afetou os latifundiários gaúchos.
"Se fosse na Europa, esses votos
iriam para a direita. Aqui, eles votam no PT", compara.
(JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)
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