São Paulo, domingo, 1 de novembro de 1998

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Presidente afirma que vitória foi "ampla, geral e irrestrita"

da Reportagem Local

Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, sua vitória na eleição deste ano foi, do ponto de vista geográfico, "ampla, geral e irrestrita" -uma alusão ao lema do movimento que pedia anistia política no país durante o regime militar.
Em entrevista por telefone à Folha anteontem à tarde, ele enfatizou o fato de ter obtido mais da metade dos votos válidos em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, por exemplo.
Trata-se de um contraponto às análises segundo as quais ele foi reeleito graças à vitória no interior do Brasil, os chamados grotões. "O Brasil dinâmico e moderno votou em mim", avalia.
O presidente coloca o Centro-Oeste, onde recebeu sua maior votação proporcional, nesse mesmo grupo.
Alguns Estados da região, como o Mato Grosso, se beneficiaram economicamente de obras federais, como a hidrovia do Madeira e a eletrificação rural.

Lula
Quanto aos locais onde foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva, FHC não acredita que o ponto em comum dessas regiões seja o fato de terem uma classe média assalariada forte.
Também duvida que o desemprego tenha influenciado no resultado das urnas: "Não acredito. O desemprego é forte em São Paulo, onde eu ganhei".
Ele debita a derrota no Rio Grande do Sul e a queda de sua votação no Nordeste a questões regionais.
No caso do Nordeste, o presidente avalia que a candidatura do ex-governador cearense Ciro Gomes recebeu votos que poderiam ser seus se não houvesse um presidenciável nordestino.
Além disso ele lembra que o voto oposicionista em algumas áreas do Nordeste pode ter sido fruto da seca na região.
"O Nordeste cresceu quase o dobro do Brasil, mas a elite da região continua se sentindo marginalizada", afirma.
Sobre a derrota no Rio Grande do Sul ele alinha uma série de causas, que vão desde o autonomismo gaúcho até o fato de o PT de Lula estar mais enraizado no Estado do que o seu PSDB.

Transição
Na sua opinião, os gaúchos estão vivendo um período de transição: a reestruturação econômica do Estado -que segundo ele se industrializou nesses quatro anos- ainda não produziu todos os seus efeitos benéficos.
Ao mesmo tempo, afirma, as altas taxas juros penalizaram os pequenos agricultores e a integração proporcionada pelo Mercosul afetou os latifundiários gaúchos.
"Se fosse na Europa, esses votos iriam para a direita. Aqui, eles votam no PT", compara. (JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)


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