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Estado acusa PR de guerra fiscal
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
O governo de São Paulo acusa o
governo paranaense de alimentar
a guerra fiscal ao atrair investimentos empresariais em troca de
benefícios fiscais, como o prazo
de carência de até oito anos para o
pagamento do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços). Cópias de dois documentos que comprovam os compromissos oferecidos às empresas
foram obtidas pela Secretaria da
Fazenda de São Paulo e apresentadas à Folha.
No primeiro documento -um
programa oficial para incentivar a
implantação, ampliação e reativação de indústrias-, o governo do
Paraná esmiuça todos os benefícios fiscais e financiamentos destinados a empresas que pretendam se estabelecer no Estado.
O principal benefício oferecido
é a postergação do pagamento de
metade do ICMS devido por 48
meses, sem a cobrança de juros.
Esse adiamento pode alcançar oito anos. No caso de fabricantes de
produtos sem similares produzidos no Estado, 100% do imposto
devido poderá ser postergado.
Segundo o coordenador de arrecadação tributária da Secretaria
da Fazenda de São Paulo, Clóvis
Panzzarini, documentos como
esse também são encaminhados
para empresas importadoras. Os
benefícios são concedidos se a
empresa deixar de importar mercadorias pelo Porto de Santos e
optar pelo Porto de Paranaguá.
"Dar um prazo de 48 meses para a empresa começar a pagar o
ICMS é caso de pirataria fiscal",
disse Panzzarini. "A maioria desses casos nem sequer é publicada
no "Diário Oficial" local."
O outro documento em poder
da secretaria é um protocolo de
intenções que, segundo Panzzarini, comprova os benefícios fiscais
que o Paraná destinaria à Denver-Cotia Indústria e Comércio Ltda.,
indústria química de Cotia (SP).
Firmado em maio de 98, o protocolo é assinado pelo governador
Jaime Lerner e pelo secretário da
Fazenda Giovani Gionédis.
O documento prevê a prorrogação do pagamento de até 100% do
ICMS para o 49º mês do início da
produção, até o limite de R$ 140
milhões em impostos devidos. A
empresa, por sua vez, prometia
investir R$ 70 milhões na implantação de uma fábrica em Guarapuava (PR), mantê-la por 12 anos
e gerar 200 empregos diretos.
Segundo Paulo José Cavalcanti
de Albuquerque, diretor da Denver-Cotia, a empresa não está se
beneficiando do acordo porque
suspendeu temporariamente o
investimento no Paraná.
A Folha tentou contato com
Gionédis mas, até o fechamento
desta edição, não obteve retorno.
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