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IMPOSTOS
Hoje devem ser votados apenas itens secundários, para sinalizar que mudança não está emperrada
Governo fecha acordo e adia reforma
da Sucursal de Brasília
O governo ganhou mais uma
semana para negociar os principais pontos da reforma tributária
com a comissão da Câmara que
analisa o assunto. Ontem, governo, Estados e parlamentares fecharam um acordo para votar hoje alguns itens secundários, com o
objetivo de sinalizar que a reforma não acabou emperrada pelas
divergências.
Reunidas pela quarta vez no Ministério da Fazenda, as três partes
decidiram que as votações que
começam hoje na comissão especial não atingirão o "núcleo" da
proposta do deputado Mussa Demes (PFL-PI), ou seja, os temas
relacionados com a criação do
IVA (Imposto sobre Valor Agregado).
Segundo o presidente da comissão especial, deputado Germano
Rigotto (PMDB-RS), serão votados apenas os temas considerados "periféricos" da proposta de
Mussa Demes, como o sigilo fiscal
e o uso de precatórios para o pagamento de impostos atrasados.
O deputado Antonio Kandir
(PSDB-SP) acrescentou que o governo deverá se reunir com parlamentares para definir em que
momento será posto em votação
o item que prevê a criação de um
imposto que substituirá a CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira).
O acordo fechado prevê que as
três partes ganharão mais tempo
para chegar a um texto de consenso, que possa passar sem grandes
restrições pelas duas votações na
Câmara.
A próxima reunião para tratar
do assunto será na tarde de amanhã e o prazo final para as negociações terminará no dia 8 -apenas sete dias antes do início do recesso na Câmara.
A dificuldade está em definir
quem terá a competência do novo
IVA -no caso, se será da União
e/ou dos Estados- e se ela deve
entrar na Constituição.
A comissão defende um IVA
compartilhado entre a União e os
Estados. O Ministério da Fazenda
quer que o recolhimento do tributo seja centralizado pela União e
que sua receita, depois, seja repartida com os Estados.
Os secretários de Fazenda querem dois IVAs -um da União e
outro específico para os Estados.
O texto de consenso, portanto,
poderá ser completamente diferente daquele elaborado por Demes. Nesse caso, seria necessário
um acordo de líderes dos partidos
para que a comissão possa receber uma emenda que aglutine as
duas propostas.
Segundo Rigotto, os negociadores liderados pelo ministro Pedro
Malan (Fazenda) voltaram atrás e
"se convenceram" do fato de que
não pode ficar de fora da Constituição a definição da competência
sobre o IVA.
O ministério insiste nessa hipótese desde o último final de semana. A tese acabou rejeitada ontem
pelos deputados da comissão especial e também pelos representantes dos Estados.
O porta-voz da Presidência,
Georges Lamazière, afirmou ontem que o governo continua buscando o entendimento com o
Congresso para a votação da reforma tributária.
"O presidente (Fernando Henrique Cardoso) lembra que não
quer o adiamento. O governo
quer acordo e é isso que está se
buscando", disse.
(DCM)
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