|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desvio em Londrina
chegaria a R$ 30 mi
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
A utilização de notas frias pode
ter provocado um rombo de R$
30 milhões em Londrina (PR). O
Ministério Público do Paraná já
apurou que pelo menos R$ 14 milhões, em duas autarquias municipais, foram desviados.
Os números ainda são preliminares. As investigações estão sendo feitas na Comurb (Companhia
Municipal de Urbanização) e na
Ama (Autarquia do Ambiente).
Eduardo Alonso de Oliveira, ex-diretor da Comurb e acusado de
envolvimento no esquema, disse
em depoimento que esses valores
podem passar de R$ 30 milhões.
Na primeira fase das investigações, que deve ser concluída neste
mês, mais de 50 pessoas serão denunciadas por fraudes cometidas
entre janeiro e maio deste ano.
O Ministério Público investiga
ainda a conexão entre os desvios e
possíveis gastos com a campanha
eleitoral do ano passado.
Cerca de 42 empresas são acusadas de fornecer notas frias e participar de concorrências fictícias
feitas por meio do sistema de carta convite -que permite a contratação de serviços até R$ 150 mil
sem a necessidade de licitação.
Arion Cruz Santos, representante de uma empresa de engenharia de Curitiba, Gino Azzolini
Neto, ex-secretário de Governo
do prefeito Antônio Belinati
(PFL), e Cláudio José Menna Barreto Gomes, proprietário de uma
empresa de arquitetura, estão
sendo investigados como os idealizadores do esquema.
Santos seria o responsável por
organizar e distribuir as cartas para as empresas envolvidas. Azzolini atuaria na liberação das verbas. Gomes teria a incumbência
de preparar as justificativas técnicas para os projetos. Os três negam as acusações.
A Agência Folha obteve cópia
de documento enviado por Gomes à Ama em 8 de janeiro. Nele,
Gomes orienta como devem ser
feitas as justificativas, as solicitações de serviços e as empresas
vencedoras das concorrências.
Ele cita ainda os bancos em que
deveriam ser feitos os pagamentos a sete empresas. O Ministério
Público apurou que esquema semelhante foi usado na Comurb.
Somente em 21 de janeiro, as
duas autarquias fizeram pagamentos de R$ 1,625 milhão referentes a serviços não efetuados
pelas referidas empresas.
Em janeiro venciam, no Banestado (Banco do Estado do Paraná), dois empréstimos feitos por
Ismael Mologni (secretário municipal da Fazenda) e Rubens Pavan, presidente da Sercomtel S/A
(empresa municipal de telefonia).
Esses empréstimos teriam sido
feitos para a campanha eleitoral
da família Belinati. Pavan e Mologni negam qualquer envolvimento com o esquema de notas
frias. Eles conseguiram na Justiça
mandados de segurança impedindo a quebra de sigilo bancário.
Carlos Zaverucha, ex-tesoureiro na campanha de Antônio Carlos Belinati -filho do prefeito-,
também está sendo investigado.
Grandes somas de dinheiro passaram por sua conta em 1998.
Pavan, Mologni e Zaverucha se
recusaram a dar entrevistas.
Texto Anterior: Fraudes: Convênio deve ser mais controlado Próximo Texto: Prefeito diz delegar poder Índice
|