São Paulo, Quarta-feira, 01 de Dezembro de 1999


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Desvio em Londrina chegaria a R$ 30 mi

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

A utilização de notas frias pode ter provocado um rombo de R$ 30 milhões em Londrina (PR). O Ministério Público do Paraná já apurou que pelo menos R$ 14 milhões, em duas autarquias municipais, foram desviados.
Os números ainda são preliminares. As investigações estão sendo feitas na Comurb (Companhia Municipal de Urbanização) e na Ama (Autarquia do Ambiente).
Eduardo Alonso de Oliveira, ex-diretor da Comurb e acusado de envolvimento no esquema, disse em depoimento que esses valores podem passar de R$ 30 milhões.
Na primeira fase das investigações, que deve ser concluída neste mês, mais de 50 pessoas serão denunciadas por fraudes cometidas entre janeiro e maio deste ano.
O Ministério Público investiga ainda a conexão entre os desvios e possíveis gastos com a campanha eleitoral do ano passado.
Cerca de 42 empresas são acusadas de fornecer notas frias e participar de concorrências fictícias feitas por meio do sistema de carta convite -que permite a contratação de serviços até R$ 150 mil sem a necessidade de licitação.
Arion Cruz Santos, representante de uma empresa de engenharia de Curitiba, Gino Azzolini Neto, ex-secretário de Governo do prefeito Antônio Belinati (PFL), e Cláudio José Menna Barreto Gomes, proprietário de uma empresa de arquitetura, estão sendo investigados como os idealizadores do esquema.
Santos seria o responsável por organizar e distribuir as cartas para as empresas envolvidas. Azzolini atuaria na liberação das verbas. Gomes teria a incumbência de preparar as justificativas técnicas para os projetos. Os três negam as acusações.
A Agência Folha obteve cópia de documento enviado por Gomes à Ama em 8 de janeiro. Nele, Gomes orienta como devem ser feitas as justificativas, as solicitações de serviços e as empresas vencedoras das concorrências.
Ele cita ainda os bancos em que deveriam ser feitos os pagamentos a sete empresas. O Ministério Público apurou que esquema semelhante foi usado na Comurb.
Somente em 21 de janeiro, as duas autarquias fizeram pagamentos de R$ 1,625 milhão referentes a serviços não efetuados pelas referidas empresas.
Em janeiro venciam, no Banestado (Banco do Estado do Paraná), dois empréstimos feitos por Ismael Mologni (secretário municipal da Fazenda) e Rubens Pavan, presidente da Sercomtel S/A (empresa municipal de telefonia).
Esses empréstimos teriam sido feitos para a campanha eleitoral da família Belinati. Pavan e Mologni negam qualquer envolvimento com o esquema de notas frias. Eles conseguiram na Justiça mandados de segurança impedindo a quebra de sigilo bancário.
Carlos Zaverucha, ex-tesoureiro na campanha de Antônio Carlos Belinati -filho do prefeito-, também está sendo investigado. Grandes somas de dinheiro passaram por sua conta em 1998.
Pavan, Mologni e Zaverucha se recusaram a dar entrevistas.


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