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CÂMARA
Anulação ocorreu após problema no sistema eletrônico que impediu que o resultado fosse exibido no painel no plenário
Governo ganhou votação anulada da CLT
DENISE MADUEÑO
LÚCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se não fosse a pane no painel
eletrônico da Câmara, o governo
teria conseguido aprovar o projeto que modifica a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) na
sessão de quarta-feira passada.
Ontem, a Câmara divulgou a lista com o resultado da votação eletrônica, que foi anulada. Foram
255 votos a favor, 206 contra e
uma abstenção.
O presidente da Câmara, Aécio
Neves (PSDB-MG), anulou a votação depois de problema no sistema eletrônico que impediu que
o resultado fosse mostrado no
painel no plenário.
O registro da votação foi encontrado ontem pelos técnicos da
Unicamp, que iniciaram a auditoria no sistema do painel. Os peritos Álvaro Penteado Crósta José
Raimundo de Oliveira e Paulo Lício de Geus disseram que o sistema estava "ligado e operante" e
que verificaram a existência do registro da votação, "sobre cuja autenticidade e integridade nada
podemos afirmar ainda".
O resultado mostra que a operação do governo de pressionar os
deputados de sua base deu certo.
No dia da votação, o presidente
Fernando Henrique Cardoso telefonou para governadores aliados
cobrando lealdade.
No PMDB, partido da base, 28
deputados votaram a favor do
projeto, apesar de a bancada ter
decidido pelo voto contrário.
Mesmo assim, 50 seguiram a
orientação do líder Geddel Vieira
Lima (BA), votando contra. O
PMDB tem 90 deputados.
A maior parte do PTB, que em
um primeiro momento havia decidido pelo voto contra, votou
com o governo. Foram 15 votos
favoráveis e 12 contrários.
O PSDB, o PFL e o PPB foram os
mais fiéis, como já era previsto.
Entre os tucanos, 75 votaram sim,
5, não e 1 se absteve. No PFL foram 77 votos favoráveis e 7 contrários e no PPB foram 42 votos
sim e 4 votos não.
O resultado divulgado ontem
confirma a estimativa feita pelos
líderes no dia da votação. Os governistas imaginavam vencer
com uma margem de 50 votos. A
oposição estimava que reunira
200 votos. Conseguiu 206.
Na votação por chamada nominal, iniciada após a pane no painel, os líderes governistas (PSDB,
PFL, PPB e PTB) orientaram suas
bancadas a deixar o plenário, o
que impediu que houvesse quórum para a conclusão da votação.
O resultado apresentou 197 votos
contrários, 2 abstenções e 1 favorável. O quórum mínimo era de
257. Nova votação está marcada
para terça-feira.
A proposta prevê que as negociações coletivas prevalecem sobre a legislação. Não podem ir
contra, no entanto, a Constituição
e a legislação previdenciária, tributária e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Além disso, as negociações não
podem ferir as regras de saúde e
segurança do trabalhador e as leis
do vale-transporte e auxílio-alimentação. Os acordos só poderão
ser feitos entre sindicatos de empregados e patrões. Na prática, o
projeto permite que direitos trabalhistas estabelecidos na Constituição possam ser negociados.
O líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), afirmou ontem
que a vitória do governo já era esperada, por causa das pressões
feitas sobre as bancadas aliadas,
mas acrescentou que a divulgação
da lista deverá ajudar a oposição a
reverter o resultado.
Mesmo que o projeto seja aprovado na Câmara, ele deve enfrentar resistências no Senado, já que
o PMDB e a oposição juntos são
maioria na Casa. Além disso, não
deve entrar na pauta neste ano.
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