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PRIVATIZAÇÃO
Empresas federais produzem cerca de 47% da eletricidade do país
Governo tenta vender setor de energia elétrica este ano
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
Este ano será marcado pela privatização da maior parte da geração de energia elétrica do Brasil.
Até agora, a privatização do setor
elétrico foi marcada pela venda de
empresas de distribuição de energia -em sua maioria estaduais.
O cronograma provisório do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) prevê para 98 a privatização
das quatro grandes empresas federais de geração de energia elétrica,
responsáveis por cerca de 47% de
toda a geração elétrica do país, segundo dados da Eletrobrás de 96.
Junto com as paulistas Cesp
(Companhia Energética de São
Paulo) e Eletropaulo, também
com privatizações previstas para
1998, as quatro empresas federais
somam cerca de 66% de toda a geração elétrica do país.
As federais são Furnas Centrais
Elétricas, Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), Eletrosul e Eletronorte.
No cronograma do BNDES, gestor das privatizações federais, está
previsto que a Eletrosul, a menor
das quatro, com uma capacidade
instalada de 3.222 megawatts, seja
privatizada no dia 12 de fevereiro.
O diretor da área de desestatização do banco, José Pio Borges, já
deu mais elasticidade ao cronograma, fixando a venda da Eletrosul
para o primeiro trimestre do ano.
A escassez de recursos no mercado internacional após a crise das
Bolsas de Valores e as dificuldades
para preparar a venda das empresas podem provocar mudanças no
cronograma do BNDES, deixando
parte das privatizações para 1999.
No banco e na Eletrobrás, a holding federal do setor, é vista como
muito difícil a privatização da
Chesf neste ano. A Chesf, responsável pelo abastecimento de praticamente todo o Nordeste, é a
maior geradora federal, com capacidade de 10.204 megawatts em 96.
No caso da Eletronorte, a expectativa é vender os sistemas isolados
de geração e distribuição de Manaus (AM) e Boa Vista (RR), além
da hidrelétrica de Tucuruí. A Eletronorte tem capacidade de geração de 5.503 megawatts.
Furnas Centrais Elétricas é, depois da Cesp, a maior geradora de
energia elétrica do Sudeste, com
capacidade de 8.123 megawatts.
A empresa deverá ser vendida
em um só bloco e do total da sua
geração ficarão de fora 657 megawatts que correspondem à energia
gerada pela usina nuclear de Angra
1. Por norma constitucional, o setor de energia nuclear não pode ser
privatizado. Para viabilizar a venda de Furnas sem Angra 1, o governo transferiu o controle da usina
para a Nuclen, antes apenas uma
fabricante de equipamentos.
Cálculos informais de técnicos
do BNDES indicam que apenas
com as parcelas a serem vendidas
nos leilões da Eletrosul e de Furnas
poderão ser arrecadados cerca de
R$ 5 bilhões no conjunto.
Além da arrecadação de dinheiro
para fechar as contas públicas, as
privatizações da área de energia
elétrica têm por objetivo redefinir
o modelo do setor no país para aumentar sua capacidade de investimentos e gerar competição entre
as várias fontes de suprimento e de
distribuição.
Pelo modelo já definido, as grandes linhas de transmissão do país
continuarão estatais, sob o controle da Eletrobrás. Também permanecerá estatal a Itaipu Binacional,
empresa que gera sozinha 12.600
megawatts, sendo metade do Brasil e metade do Paraguai.
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