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PF não controla a fronteira uruguaia
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAGÉ
A Polícia Federal considera ser
impossível controlar a passagem
de pessoas em Aceguá, cidade
gaúcha na fronteira com o Uruguai, por onde o ex-juiz Nicolau
dos Santos Neto teria entrado no
Brasil, segundo testemunhas, antes de se entregar à PF.
"Essa região é um verdadeiro
queijo suíço", disse o agente da PF
Francisco Paz, referindo-se aos
vários acessos secundários existentes na fronteira seca, que permitem ingressar no Brasil (ou até
mesmo sair do país), sem passar
pelo posto de controle da Polícia
Federal.
A Agência Folha comprovou a
vulnerabilidade da fronteira, passando várias vezes do lado brasileiro para o uruguaio e vice-versa,
sem jamais ser abordada.
Tanto a PF como os policiais
uruguaios disseram que não têm
como norma parar os carros que
circulam pela região. Os postos de
controle fornecem permissão de
até três meses para os estrangeiros que querem viajar e que estejam com a documentação em dia.
O posto da PF em Aceguá, onde
também funciona a Receita Federal, situa-se a cerca de 800 m do
início do território uruguaio onde
também existe um posto da polícia uruguaia. Lá, existia um cartaz
de "Procura-se" do ex-juiz.
Do local, não é possível ver se os
carros que se dirigem ao Brasil
vêm de Aceguá (RS) ou do Uruguai (a cidade limítrofe uruguaia
também se chama Aceguá).
O carro Mondeo que trouxe Nicolau para o local onde ele se entregou pode ter passado em frente
à PF e à Receita Federal antes de
chegar ao posto de gasolina Ipiranga, a poucos metros da PF, no
território brasileiro, onde o ex-juiz passou para o táxi conduzido
pelo motorista Airton Jardim
Fontes, que o levou ao motel Fliper, em Bagé.
Em cumprimento a acordos internacionais, surgiram, há cerca
de três anos, as aduanas integradas dos países do Mercosul. No
caso dessa região, os policiais uruguaios deveriam trabalhar na
Aceguá gaúcha, junto com seus
colegas brasileiros.
Há cerca de três meses, porém,
eles abandonaram o local e voltaram para o lado uruguaio, reclamando da falta de um banheiro
exclusivo. Eles não aceitaram dividir o sanitário existente com os
funcionários brasileiros e com os
usuários do serviço de aduana.
Os habitantes da região convivem com situações insólitas. Por
exemplo, o carro brasileiro anuncia para uruguaios que faz "flete"
(transporte de pequenas cargas).
Há comerciantes que possuem lojas no Brasil e no Uruguai, na rua
que divide os dois países.
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