|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO INDÍGENA
Polícia Federal encontra cinco focos de extração de madeira; novo levantamento será feito por terra
PF vê sinais de desmatamento na reserva
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARECHAL THAUMATURGO (AC)
A Polícia Federal encontrou evidências de que madeireiros peruanos estão atuando em território brasileiro, no oeste do Acre, o
que havia sido denunciado há dez
dias pelos índios ashaninkas que
vivem na região do Alto Juruá.
Anteontem, agentes da PF sobrevoaram a região da floresta
amazônica na fronteira do Brasil
com o Peru e encontraram cinco
focos de desmatamento na área.
Mas como os aparelhos de GPS
(sigla em inglês de Sistema de Posicionamento Global) usados nos
dois helicópteros da Força Aérea
Brasileira não têm precisão suficiente quando operados do ar,
não foi possível determinar se a
extração de madeira está ocorrendo em solo peruano ou na terra
indígena Kampa do rio Amônia.
Por isso, até o final desta semana, um grupo formado por policiais federais e representantes da
Funai (Fundação Nacional do Índio), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da
Guarda Florestal do Estado será
novamente enviado à região.
A nova fase da Operação Ashaninka será feita por terra, deverá
durar no mínimo duas semanas e
terá como prioridade a localização das áreas exploradas pelos
madeireiros. As árvores mais procuradas são o cedro e o mogno.
Uma equipe do Exército também poderá ser acionada, caso seja necessária nova demarcação da
fronteira entre os dois países. Segundo a Funai do Acre, apenas
um marco é utilizado hoje como
referência de divisa na região.
Hoje de manhã haverá uma reunião na sede do Instituto do Meio
Ambiente do Acre para definir as
estratégias da operação terrestre.
"Tenho certeza de que as clareiras
estão no Brasil e dentro da reserva
indígena dos ashaninkas", disse o
administrador da Funai do Acre,
Antonio Pereira Neto. Segundo
ele, a operação terrestre vai apenas confirmar que realmente
houve uma invasão ao território
indígena Kampa do rio Amônia.
Em decreto de 22 de novembro
de 1992, o presidente Itamar Franco oficializou a terra indígena
Kampa do rio Amônia com uma
área de 87,2 mil hectares e um perímetro de 158,9 quilômetros.
A Agência Folha tentou falar
ontem com o superintendente da
PF no Acre, Ney Ferreira de Souza, para obter mais detalhes sobre
a operação, mas não o localizou.
Anteontem, depois que os helicópteros da FAB pousaram na aldeia Apiwtxa, Moisés Pianko, um
dos filhos de Antonio Pianko, líder dos ashaninkas, disse aos policiais que, "se em pouco tempo
não houver uma solução pacífica
para o caso, os índios vão se armar e partir para a guerra".
"Nós estamos preparados para
defender a nossa tribo. Queremos
que tudo seja resolvido de forma
pacífica, mas se a natureza estiver
em risco e nada for feito, nós vamos matar e morrer lutando pelo
nosso povo", disse Moisés.
O delegado da PF responsável
pela operação, Pedro Luís Novaes
Santos, disse aos demais índios
que "tudo será feito e resolvido
com paz e tranquilidade".
O repórter EDUARDO SCOLESE viajou
ao Acre a convite da Polícia Federal
Texto Anterior: Ex-juiz pode ser transferido hoje; Estado deve escolher local de prisão Próximo Texto: Estrada preocupa os ashaninkas Índice
|