São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Multidão de militantes arma "festa vermelha'

JULIA DUAILIBI
E PATRÍCIA ZORZAN
ENVIADAS ESPECIAIS A BRASÍLIA

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Saudada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "companheiros e companheiras", a multidão que acompanhou a posse do petista na Praça dos Três Poderes era formada por militantes e simpatizantes do partido.
O local foi dominado por bandeiras vermelhas, principalmente do PT e do PC do B, cartazes com fotos do líder revolucionário Che Guevara e pessoas vestidas com camisetas e bonés da sigla. Até mesmo cachorros e bebês foram caracterizados para o evento, com lenços e roupas na cor vermelha.
Parte da militância chegou a vaiar o vice-presidente José Alencar, filiado ao PL. O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), inimigo número um do PT local, foi o principal alvo do dia com gritos de "fora Roriz" e de "Roriz, ladrão, roubou a eleição".
Já o presidente de Cuba, o ditador Fidel Castro, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, foram aplaudidos.
Petistas, funcionários da limpeza, guardas e seguranças do Palácio do Planalto lotaram as janelas do prédio. Em uma delas, duas bandeiras -uma do PT e uma do Brasil- foram abertas quando Lula chegou.
Na tentativa de reservar os melhores lugares, alguns chegaram à praça três dias antes. A petista Cláudia da Silva, 28, não foi assistir aos shows para garantir uma uma vaga em frente ao palácio. "O [cantor sertanejo" Zezé Di Camargo eu vejo outro dia. Mas posse é uma só."
Uma bandeira de 720 metros quadrados e 148 quilos foi aberta no centro da Praça dos Três Poderes. A peça custou R$ 5.000 e foi produzida a pedido de funcionários da prefeitura de São Paulo, comandada por Marta Suplicy (PT). Na bandeira, estava escrito "a esperança venceu o medo", que marcou a eleição de Lula e foi repetida por ele durante o seu discurso.
Militantes ouviram atentamente o discurso do presidente no Congresso e exigiram silêncio dos demais. Alguns protestaram quando grupos de pagode ensaiaram acordes. "Deve ser a oposição frustrada. Porque quem tem a estrela no coração não atrapalha", declarou uma das participantes.
Quando Lula chegou ao pé da rampa, a multidão derrubou, em alguns trechos, a grade de contenção. Muitos choravam e gritavam. Parte do hino nacional foi acompanhado pelo refrão: "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor".
Vários artistas acompanharam da praça o discurso de Lula no parlatório. Entre eles, Paloma Duarte, Letícia Sabatella e Lucélia Santos. A maioria demonstrou cautela em relação ao futuro. "Acho que a gente vai ter um ano muito difícil pela frente, enquanto arrumamos a casa. O povo terá de ter paciência. Mas teremos muita fé, nada de medo", afirmou a atriz Paloma Duarte, que defendeu Lula dos ataques da campanha do então candidato tucano, José Serra, em programas da campanha de Lula.
Na saída, a multidão, que fazia a letra "L" com os dedos, gritava: "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". Do alto de árvores e abanando lenços verdes e amarelos, saudaram Lula já como presidente.



Texto Anterior: Parlatório: "Sou o sonho de uma geração", afirma Lula
Próximo Texto: Íntegra: 'Tratarei vocês com o respeito que trato os meus filhos'
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.