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ESQUERDA LATINA
Ditador cubano compara situação da América Latina hoje à de Cuba em 1959, ano da revolução que liderou
'Lula, Chávez e eu surgimos na crise', diz Fidel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente de Cuba, ditador
Fidel Castro, afirmou ontem que
dirigentes como ele e Luiz Inácio
Lula da Silva surgem nas épocas
de crise. "Dirigentes como Lula,
Chávez [Hugo, presidente da Venezuela] e eu, surgimos ajudado
pela acumulação de problemas
tremendos e pela crise", afirmou
Fidel em entrevista após a posse.
"Assim como Bolívar, os líderes
aparecem em momentos de crise.
São sonhadores que buscam um
mundo melhor. Sinto-me feliz de
ver que nossa idéia avança e que
por tantos caminhos diferentes
também se chega a Roma."
Fidel Castro chegou ao plenário
da Câmara às 14h54, só três minutos antes de Lula. Caminhou lentamente até o local reservado,
pois era parado por vários congressistas para cumprimentos ou
autógrafos. Foi assim durante
parte da cerimônia de posse, com
alguns deputados dando mais
atenção ao cubano do que a Lula.
No momento em que o petista começava a fazer seu discurso, Fidel
ainda dava autógrafo para o deputado Moroni Torgan (PFL-CE).
O cubano ficou sentado ao lado
do ministro da Casa Civil, José
Dirceu, que passou uma temporada exilado em Cuba. Dirceu ajudava na tradução quando alguém
se aproximava. Atuou como um
anfitrião de Fidel no Congresso.
Durante parte do discurso de
Lula, Fidel ficou compenetrado.
Passou a acompanhar a fala do
petista com uma caneta, fazendo
anotações no texto do discurso.
Ao final do discurso de Lula, afirmou: "Foi a cerimônia de posse
mais bonita e vibrante que já vi".
O esquema de segurança para a
chegada de Fidel foi quebrado por
um adolescente de 17 anos. Antes
do presidente chegar a Brasília, na
tarde de anteontem, a Polícia Federal encontrou o adolescente,
que calçava apenas um chinelo
num dos pés, perambulando pelo
último andar do hotel Naoum,
onde dormiria o presidente cubano. O adolescente entrou pelo jardim interno do hotel e queria conhecer a piscina. Segundo um
agente da PF, a entrada do adolescente mostrou que havia uma falha no esquema de segurança.
A preocupação de Fidel com sua
segurança é tão grande que ele
não confirma sua ida a um país
estrangeiro a não ser horas antes
da decolagem do seu vôo. Esse fato fez com que houvesse um corre-corre no dia de sua chegada para conseguir autorização para o
pouso do seu avião na Base Aérea
de Brasília. Horas antes de sua
chegada, as credenciais de sua comitiva não estavam prontas.
Missões
A posse de Lula contou com o
maior número de missões de governos estrangeiros da história
brasileira: 117 países estavam representados na festa. A segunda
maior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995,
teve a presença de 112 missões.
Embora houvesse mais países
representados na posse de Lula, a
festa do presidente Fernando Collor de Mello, em 15 de março de
1990, foi a que contou com o
maior número de presidentes e
primeiros-ministros, 20 no total.
Lula recebeu os cumprimentos
de nove presidentes (Argentina,
Venezuela, Uruguai, Portugal,
Bolívia, Peru, Chile, África do Sul
e Cuba) e três primeiros-ministros (Suécia, Guiana e Guiné Bissau). Na posse de FHC, em 1995,
participaram 11 presidentes.
Antes de assistirem à posse de
Lula, os representantes das missões estrangeiras cumprimentaram Fernando Henrique Cardoso
e Marco Maciel no Itamaraty.
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