São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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ESQUERDA LATINA

Ditador cubano compara situação da América Latina hoje à de Cuba em 1959, ano da revolução que liderou

'Lula, Chávez e eu surgimos na crise', diz Fidel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente de Cuba, ditador Fidel Castro, afirmou ontem que dirigentes como ele e Luiz Inácio Lula da Silva surgem nas épocas de crise. "Dirigentes como Lula, Chávez [Hugo, presidente da Venezuela] e eu, surgimos ajudado pela acumulação de problemas tremendos e pela crise", afirmou Fidel em entrevista após a posse.
"Assim como Bolívar, os líderes aparecem em momentos de crise. São sonhadores que buscam um mundo melhor. Sinto-me feliz de ver que nossa idéia avança e que por tantos caminhos diferentes também se chega a Roma."
Fidel Castro chegou ao plenário da Câmara às 14h54, só três minutos antes de Lula. Caminhou lentamente até o local reservado, pois era parado por vários congressistas para cumprimentos ou autógrafos. Foi assim durante parte da cerimônia de posse, com alguns deputados dando mais atenção ao cubano do que a Lula. No momento em que o petista começava a fazer seu discurso, Fidel ainda dava autógrafo para o deputado Moroni Torgan (PFL-CE).
O cubano ficou sentado ao lado do ministro da Casa Civil, José Dirceu, que passou uma temporada exilado em Cuba. Dirceu ajudava na tradução quando alguém se aproximava. Atuou como um anfitrião de Fidel no Congresso.
Durante parte do discurso de Lula, Fidel ficou compenetrado. Passou a acompanhar a fala do petista com uma caneta, fazendo anotações no texto do discurso. Ao final do discurso de Lula, afirmou: "Foi a cerimônia de posse mais bonita e vibrante que já vi".
O esquema de segurança para a chegada de Fidel foi quebrado por um adolescente de 17 anos. Antes do presidente chegar a Brasília, na tarde de anteontem, a Polícia Federal encontrou o adolescente, que calçava apenas um chinelo num dos pés, perambulando pelo último andar do hotel Naoum, onde dormiria o presidente cubano. O adolescente entrou pelo jardim interno do hotel e queria conhecer a piscina. Segundo um agente da PF, a entrada do adolescente mostrou que havia uma falha no esquema de segurança.
A preocupação de Fidel com sua segurança é tão grande que ele não confirma sua ida a um país estrangeiro a não ser horas antes da decolagem do seu vôo. Esse fato fez com que houvesse um corre-corre no dia de sua chegada para conseguir autorização para o pouso do seu avião na Base Aérea de Brasília. Horas antes de sua chegada, as credenciais de sua comitiva não estavam prontas.

Missões
A posse de Lula contou com o maior número de missões de governos estrangeiros da história brasileira: 117 países estavam representados na festa. A segunda maior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995, teve a presença de 112 missões.
Embora houvesse mais países representados na posse de Lula, a festa do presidente Fernando Collor de Mello, em 15 de março de 1990, foi a que contou com o maior número de presidentes e primeiros-ministros, 20 no total.
Lula recebeu os cumprimentos de nove presidentes (Argentina, Venezuela, Uruguai, Portugal, Bolívia, Peru, Chile, África do Sul e Cuba) e três primeiros-ministros (Suécia, Guiana e Guiné Bissau). Na posse de FHC, em 1995, participaram 11 presidentes.
Antes de assistirem à posse de Lula, os representantes das missões estrangeiras cumprimentaram Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel no Itamaraty.



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