São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Multidão recebe Lula com jingle da campanha de 1989; shows aconteceram no gramado da Esplanada dos Ministérios

Posse é vista por 150 mil

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A festa da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu cerca de 150 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, a Polícia Federal e a Defesa Civil, e culminou com o deslocamento dele pela Esplanada dos Ministérios no Rolls Royce presidencial, saudado pela multidão com gritos e o jingle da campanha petista de 1989.
Em frente ao palco montado para os shows, no gramado da Esplanada dos Ministérios, muitos vestiram-se no mesmo estilo: camisa vermelha, calça jeans, boina vermelha tipo "Che Guevara", coturno e mochila.
Às 10h30, já havia 80 mil pessoas no gramado da Esplanada dos Ministérios. Os números são muito superiores aos das posses de Fernando Collor, em 1990 (20 mil), e de Fernando Henrique Cardoso, em 1995 (4.000).
As pessoas foram atraídas pelos shows a partir do meio-dia com artistas como Gilberto Gil, ministro da Cultura e a dupla Zezé Di Camargo e Luciano. A aglomeração foi favorecida pelo tempo melhor do que o previsto pela meteorologia. As chuvas foram esparsas e de pequena intensidade.
O evento durou cerca de duas horas e terminou por volta das 14h, meia hora antes de começar a programação oficial da posse, com o primeiro deslocamento do presidente no Rolls Royce.
Em um dos momentos mais tensos, um grupo invadiu o gramado em frente ao Congresso, entrou no espelho d'água e jogou água nos policiais gritando: "u-hu, a-ha, o Brasil é nosso". Lula havia terminado de discursar.
Eles só se contiveram após um apelo do presidente do PT, José Genoino, que disse: "Não joguem água nos policiais. Esse pessoal está fazendo um bom trabalho. Estão protegendo essa festa, e não pode ter nenhum tumulto."
Saudada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "companheiros e companheiras", a multidão que acompanhou a posse do petista na Praça dos Três Poderes era formada por militantes e simpatizantes do partido.
Nem a vitória esfriou os ânimos de parte da militância, que chegou a vaiar o vice-presidente José Alencar, filiado ao PL, quando seu nome foi anunciado pelo próprio Lula pouco antes de discursar no Parlatório. Mas o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), inimigo número um do PT local, foi o principal alvo do dia. Gritos de "fora Roriz" e de "Roriz, ladrão, roubou a eleição" marcaram o evento. Já o presidente de Cuba, o ditador Fidel Castro, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, foram aplaudidos pelo público quando chegaram ao palanque reservado a autoridades estrangeiras.
Militantes ouviram atentamente o discurso do presidente no Congresso e exigiram silêncio dos demais. Alguns protestaram quando grupos de pagode ensaiaram acordes. "Deve ser a oposição frustrada. Porque quem tem a estrela no coração não atrapalha", declarou uma das participantes da comemoração.
Quando Lula chegou ao pé da rampa, a multidão derrubou, em alguns trechos, a grade de contenção. Muitas pessoas choravam e gritavam.
Nenhum incidente grave foi registrado pelo comando da Polícia Militar montado no local, que considerou o evento tranquilo. Houve o atropelamento de uma mulher de São Paulo, identificada como Adelaide Chaborro. Ela teria sofrido pequenas escoriações e foi levada a um hospital.


Colaboraram RICARDO WESTIN e IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília, e JULIA DUAILIBI e PATRÍCIA ZORZAN, enviadas especiais a Brasília


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