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Multidão recebe Lula com jingle da campanha de 1989; shows aconteceram no gramado da Esplanada dos Ministérios
Posse é vista por 150 mil
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A festa da posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva reuniu
cerca de 150 mil pessoas, segundo
a Polícia Militar, a Polícia Federal
e a Defesa Civil, e culminou com o
deslocamento dele pela Esplanada dos Ministérios no Rolls Royce
presidencial, saudado pela multidão com gritos e o jingle da campanha petista de 1989.
Em frente ao palco montado para os shows, no gramado da Esplanada dos Ministérios, muitos
vestiram-se no mesmo estilo: camisa vermelha, calça jeans, boina
vermelha tipo "Che Guevara", coturno e mochila.
Às 10h30, já havia 80 mil pessoas
no gramado da Esplanada dos
Ministérios. Os números são muito superiores aos das posses de
Fernando Collor, em 1990 (20
mil), e de Fernando Henrique
Cardoso, em 1995 (4.000).
As pessoas foram atraídas pelos
shows a partir do meio-dia com
artistas como Gilberto Gil, ministro da Cultura e a dupla Zezé Di
Camargo e Luciano. A aglomeração foi favorecida pelo tempo melhor do que o previsto pela meteorologia. As chuvas foram esparsas
e de pequena intensidade.
O evento durou cerca de duas
horas e terminou por volta das
14h, meia hora antes de começar a
programação oficial da posse,
com o primeiro deslocamento do
presidente no Rolls Royce.
Em um dos momentos mais
tensos, um grupo invadiu o gramado em frente ao Congresso,
entrou no espelho d'água e jogou
água nos policiais gritando: "u-hu, a-ha, o Brasil é nosso". Lula
havia terminado de discursar.
Eles só se contiveram após um
apelo do presidente do PT, José
Genoino, que disse: "Não joguem
água nos policiais. Esse pessoal
está fazendo um bom trabalho.
Estão protegendo essa festa, e não
pode ter nenhum tumulto."
Saudada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como "companheiros e companheiras", a
multidão que acompanhou a posse do petista na Praça dos Três Poderes era formada por militantes
e simpatizantes do partido.
Nem a vitória esfriou os ânimos
de parte da militância, que chegou a vaiar o vice-presidente José
Alencar, filiado ao PL, quando seu
nome foi anunciado pelo próprio
Lula pouco antes de discursar no
Parlatório. Mas o governador do
Distrito Federal, Joaquim Roriz
(PMDB), inimigo número um do
PT local, foi o principal alvo do
dia. Gritos de "fora Roriz" e de
"Roriz, ladrão, roubou a eleição"
marcaram o evento. Já o presidente de Cuba, o ditador Fidel
Castro, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, foram aplaudidos pelo público quando chegaram ao palanque reservado a autoridades estrangeiras.
Militantes ouviram atentamente o discurso do presidente no
Congresso e exigiram silêncio
dos demais. Alguns protestaram
quando grupos de pagode ensaiaram acordes. "Deve ser a
oposição frustrada. Porque quem
tem a estrela no coração não atrapalha", declarou uma das participantes da comemoração.
Quando Lula chegou ao pé da
rampa, a multidão derrubou, em
alguns trechos, a grade de contenção. Muitas pessoas choravam e gritavam.
Nenhum incidente grave foi registrado pelo comando da Polícia
Militar montado no local, que
considerou o evento tranquilo.
Houve o atropelamento de uma
mulher de São Paulo, identificada
como Adelaide Chaborro. Ela teria sofrido pequenas escoriações
e foi levada a um hospital.
Colaboraram RICARDO WESTIN e IURI
DANTAS, da Sucursal de Brasília, e JULIA DUAILIBI e PATRÍCIA ZORZAN,
enviadas especiais a Brasília
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