São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOVA PROPOSTA

Gastos do programa Fome Zero seriam considerados despesa financeira, para não afetar superávit primário

Lula quer meta social no acordo do FMI

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda propor ao FMI (Fundo Monetário Internacional) a inclusão de uma meta social no acordo firmado em agosto passado por FHC. Toda a verba prevista para o programa Fome Zero em 2003, algo em torno de R$ 2,5 bilhões, seria considerada despesa financeira e não gasto social.
Na prática, segundo a proposta, esse gasto não afetaria as metas fiscais com o FMI, porque não teria impacto no cálculo do superávit primário (a economia que se faz para o pagamento de juros).
Atualmente, a meta de superávit primário acertada com o FMI para as contas públicas neste ano é de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto), cerca de R$ 53 bilhões. Em fevereiro, o FMI e a equipe de Lula terão uma rodada de negociação na qual é permitida a revisão e, eventualmente, a inclusão de compromissos novos.
A Folha apurou que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, tem simpatia pela idéia. Membros do governo do PT pretendem sondar a equipe do Fundo sobre a eventual aceitação desse tipo de meta social antes do encontro oficial do mês que vem.
Para Lula, que deseja bancar a proposta, seria uma forma de mostrar diferenças em relação ao antecessor nas relações com os organismos financeiros.
Para Palocci, que tem sido classificado como um ministro que conduzirá a economia de forma semelhante à de Pedro Malan, seria uma forma de mostrar que, apesar do aperto fiscal, haveria espaço para políticas sociais.
Na avaliação de dirigentes do PT, o FMI, cujas receitas econômicas foram frequentemente criticadas nos últimos anos, também teria interesse em mostrar alguma forma de inflexão social nos acordos firmados com países pobres.
A Folha apurou que a idéia da meta social para o Fome Zero é uma prioridade do novo Ministério do Combate à Fome e Segurança Alimentar. Técnicos do ministério já têm estudos sobre a meta social, uma idéia que nasceu na equipe de transição.
A única meta social para o acordo com o FMI seria a do Fome Zero, mas o governo também estuda a criação de metas sociais para as demais áreas. Ou seja, os programas dos ministérios teriam compromisso, por exemplo, com a geração de empregos.



Texto Anterior: Le Monde: Jornal destaca Lula "pragmático'
Próximo Texto: Ministros cortarão 10% dos cargos comissionados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.