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NOVA PROPOSTA
Gastos do programa Fome Zero seriam considerados despesa financeira, para não afetar superávit primário
Lula quer meta social no acordo do FMI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva estuda propor ao FMI (Fundo Monetário Internacional) a inclusão de uma meta social no
acordo firmado em agosto passado por FHC. Toda a verba prevista para o programa Fome Zero
em 2003, algo em torno de R$ 2,5
bilhões, seria considerada despesa financeira e não gasto social.
Na prática, segundo a proposta,
esse gasto não afetaria as metas
fiscais com o FMI, porque não teria impacto no cálculo do superávit primário (a economia que se
faz para o pagamento de juros).
Atualmente, a meta de superávit primário acertada com o FMI
para as contas públicas neste ano
é de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto), cerca de R$ 53 bilhões.
Em fevereiro, o FMI e a equipe de
Lula terão uma rodada de negociação na qual é permitida a revisão e, eventualmente, a inclusão
de compromissos novos.
A Folha apurou que o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, tem simpatia pela idéia.
Membros do governo do PT pretendem sondar a equipe do Fundo sobre a eventual aceitação desse tipo de meta social antes do encontro oficial do mês que vem.
Para Lula, que deseja bancar a
proposta, seria uma forma de
mostrar diferenças em relação ao
antecessor nas relações com os
organismos financeiros.
Para Palocci, que tem sido classificado como um ministro que
conduzirá a economia de forma
semelhante à de Pedro Malan, seria uma forma de mostrar que,
apesar do aperto fiscal, haveria espaço para políticas sociais.
Na avaliação de dirigentes do
PT, o FMI, cujas receitas econômicas foram frequentemente criticadas nos últimos anos, também
teria interesse em mostrar alguma
forma de inflexão social nos acordos firmados com países pobres.
A Folha apurou que a idéia da
meta social para o Fome Zero é
uma prioridade do novo Ministério do Combate à Fome e Segurança Alimentar. Técnicos do ministério já têm estudos sobre a
meta social, uma idéia que nasceu
na equipe de transição.
A única meta social para o acordo com o FMI seria a do Fome Zero, mas o governo também estuda a criação de metas sociais para
as demais áreas. Ou seja, os programas dos ministérios teriam
compromisso, por exemplo, com
a geração de empregos.
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