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RIO DE JANEIRO
Em um discurso duro, governadora afirma que, com antecessora, Estado "faliu"; Lula também é alvo de críticas
Rosinha ataca PT e ameaça oposição
MURILO FIUZA DE MELO
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A governadora do Rio, Rosinha
Matheus (PSB), assumiu ontem
criticando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua antecessora,
Benedita da Silva (PT), a quem
acusou ter falido o Estado. Ela deu
a entender que poderá ir para a
oposição caso Lula não atenda
um dos principais pleitos de seu
governo: a construção de uma refinaria no Norte fluminense.
"Não faço oposição por fazer,
porque tenho princípios e ideais.
A única coisa que pedi a ele [Lula"
é que não discrimine o Rio de Janeiro da forma como vem sendo
discriminado", afirmou Rosinha.
A governadora lamentou ainda
a indicação do ex-senador José
Eduardo Dutra (PT-SE) para a
presidência da Petrobras.
"Não indicamos nenhum nome
para a Petrobras. Sugerimos que
ele [Lula" indicasse alguém, a critério dele, que fosse do Rio de Janeiro, até porque nós temos aqui
80% da produção nacional de petróleo e foi aqui que ele teve a votação mais expressiva de todos os
Estados", disse a governadora.
Mais cedo, no discurso de posse
na Assembléia Legislativa, Rosinha fez um duro ataque a Benedita. Segundo ela, a gestão da petista, ao qual se referiu como "governo interino", "fracassou".
"As obras foram paralisadas, a
merenda escolar acabou, os hospitais fecharam por falta de medicamento e pagamento aos fornecedores. Houve piora na qualidade da comida de alguns restaurantes populares, jovens ficaram
desamparados e a segurança pública perdeu o controle. O Cheque-Cidadão não é entregue há
três meses às famílias carentes. O
Estado parou, faliu", discursou.
Segundo a governadora, Benedita só deixou R$ 20 milhões em
caixa para pagar a folha de dezembro dos funcionários, que é
de R$ 655 milhões ao mês.
"Moratória sigilosa"
Ela anunciou um pacote de medidas de contenção de gastos, incluindo a suspensão, por 60 dias,
do pagamento dos fornecedores e
prestadores de serviços.
Rosinha chamou de "moratória
sigilosa" um suposto débito "superior a R$ 300 milhões" que Benedita teria deixado, referente ao
não-pagamento do serviço da dívida com a União.
Rosinha irá hoje a Brasília para
a posse do ministro da Ciência e
Tecnologia, Roberto Amaral, indicado pelo PSB. Ela tentará marcar uma audiência com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, para tratar do problema.
"Foi o governo do PT que deixou de pagar [a dívida com a
União", então creio que o governo
do Lula terá interesse também em
resolver [o problema", porque vai
ser bom para todo mundo."
A assessora Salete Lisboa disse
ontem que Benedita não comentaria as críticas de Rosinha porque viajara para Brasília.
Rosinha recebeu o cargo de Benedita numa cerimônia simbólica, antes de ser empossada na Assembléia. Benedita pediu a antecipação da transmissão, alegando
que teria que ir a Brasília para a
posse de Lula. O ato foi fechado e
durou dez minutos. Na saída, elas
se beijaram. Em seguida, no plenário, Rosinha atacou a petista.
Depois da cerimônia, Rosinha
seguiu para o Palácio Guanabara,
sede do governo do Estado, onde
empossou os secretários, sempre
acompanhada do marido, o ex-governador Anthony Garotinho.
A cerimônia acabou em ritmo
gospel, com shows de cantores
evangélicos e de Elymar Santos,
amigo do casal. Rosinha cantou
com ele as músicas "Jesus Cristo",
de Roberto e Erasmo Carlos, "Poxa", de Gilson de Souza, e "O que
é o que é", de Gonzaguinha.
Em outra música, "Pra Não Dizer que Não Falei de Flores" (Geraldo Vandré), hit contra o regime militar, Rosinha chorou. Entre as apresentações dos cantores,
ela orou com o pastor presbiteriano Ebér Cézar e recebeu uma Bíblia com o brasão do Estado.
A festa reuniu 8.000 pessoas e os
custos, não revelados, foram pagos pelo PSB, segundo a assessoria de imprensa de Rosinha.
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