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MINAS GERAIS
Tucano atribui dificuldades econômicas do Estado ao "centralismo burocrático" e diz que vai lutar por "Federação autêntica"
Aécio faz crítica à "ditadura centralizadora da União"
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Aécio Neves (PSDB), 42, empossado ontem governador de
Minas Gerais, discursou da sacada do Palácio da Liberdade fazendo críticas à "ditadura centralizadora da União", da qual Minas seria a "vítima preferencial". Afirmou que assume com o propósito
de "retomar a luta histórica por
uma Federação autêntica".
Ele usou frases contundentes
para justificar as dificuldades financeiras de Minas, atribuindo os
problemas ao centralismo da
União. E enalteceu a luta contra
isso de Itamar Franco (sem partido), que lhe passou o Grande Colar da Inconfidência.
"Não há democracia onde os
Estados e municípios federados
têm a sua autonomia violada pelo
arbítrio de simples funcionários
da burocracia centralizadora da
União. Quero registrar que o governador Itamar Franco se empenhou, desde o início do seu governo, em denunciar esse centralismo burocrático e contra ele oferecer sua resistência."
Nos últimos meses da gestão
Itamar, o ministro da Fazenda
que deixou anteontem o cargo,
Pedro Malan, foi apontado como
a pessoa que sempre se opôs às
reivindicações econômicas mineiras. Seu sucessor na Fazenda,
Antonio Palocci Filho, também se
opôs e foi criticado por Itamar.
Aécio lembrou frase do seu avô
Tancredo Neves (1910-85), que
governou o Estado no início dos
anos 80, segundo a qual "Minas
não se curva, não ajoelha, não rasteja". E afirmou: "É de Tancredo a
grave constatação de que, sem Federação, não há república".
Nem quando falou sobre o trabalho que pretende fazer em prol
dos municípios Aécio poupou a
União. "Ao exigir o respeito do
poder central pelos Estados e,
particularmente, por Minas, que
tem sido a vítima preferencial da
ditadura centralizadora da burocracia, reafirmamos o empenho
de defender a autonomia de seus
municípios", disse.
O tucano disse que os Estados
não podem trabalhar para transferir à União a maior parcela dos
recursos, "sem que disso tenham
retribuição correspondente".
"Enquanto não houver novo
contrato federativo, que devolva
aos Estados e municípios o que
corresponde ao que produzem,
teremos que continuar cortando
as despesas públicas, a fim de garantir os serviços essenciais à população mineira", afirmou.
E defendeu, na reforma tributária que se apregoa, a desconcentração dos recursos nas mãos da
União. Para Aécio, sem respeito
aos Estados, a União "perde legitimidade e sentido".
"Não podemos aceitar como
respeitosa ao pacto federativo a
organização tributária nacional,
que concentra na União 65% dos
recursos fiscais do país (...). Não
pode o poder central arrogar-se o
monopólio da cobrança dos principais tributos e a prerrogativa de
os distribuir conforme seus próprios critérios".
Em um único momento ele citou o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, desejando-lhe sorte.
Itamar não discursou. Cerca de
5.000 pessoas, segundo a Polícia
Militar, acompanharam a transmissão do cargo. Aécio foi para a
Assembléia Legislativa e depois
para o palácio em um Cadillac
1953 que serviu ao presidente Juscelino Kubitschek.
Em entrevista, disse que sua
"obsessão" será o crescimento
econômico do Estado e que vai se
inspirar em JK e Tancredo.
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