São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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SÃO PAULO

Governador tucano planeja também esvaziar os distritos policiais até 2004 e dar aumento salarial para os secretários

Alckmin anuncia retomada de privatizações

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após ser empossado pela Assembléia Legislativa de São Paulo, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), enfatizou duas de suas prioridades para a próxima gestão: contenção de custos, junto com a retomada das privatizações, e, para a área da segurança pública, a retirada de todos os presos que estão em distritos policiais até o final de 2004.
A contenção de custos só seria quebrada para atender a um desejo do governador, que é conceder um aumento salarial para os 21 secretários de Estado -que, desde o último reajuste em dezembro de 1994, recebem R$ 5.800 por mês.
"Acho que secretário ganha pouco, são R$ 4.900 líquidos. Ou o secretário é rico ou vai dar aula à noite. Vamos corrigir isso."
Para as principais medidas de combate à criminalidade, Alckmin estabeleceu prazos. Disse que, até fevereiro, agentes especiais irão assumir a vigilância dos presídios. Segundo ele, isso faria com que cerca de 4.000 policiais militares, hoje na "guarda de muralha", voltassem para as ruas.
A segunda meta do governador é "até o final de 2004 não ter um preso em distrito policial na cidade de São Paulo". Hoje, 7.600 detentos, condenados ou à espera de julgamento, estão nesses locais.
Dizendo-se disposto a aplicar medidas de contenção de gastos do Estado, Alckmin disse que irá retomar as negociações para privatizar as seis subsidiárias da estatal Nossa Caixa (que exploram serviços nas áreas de previdência privada, cartões de crédito, seguro e capitalização) e a geradora de energia Cesp-Paraná. "Com o setor privado, teremos mais agilidade e competitividade", disse ele.
O governador afirmou que ainda não há prazo para essas privatizações. No caso da Cesp-Paraná, segundo o tucano, a privatização foi suspensa diante de uma crise no setor elétrico. "Tecnicamente está tudo pronto. Vamos avaliar a questão do mercado. Queremos os melhores parceiros e o melhor resultado", disse Alckmin.
O governo do Estado de São Paulo já privatizou empresas de distribuição de eletricidade (Companhia Paulista de Força e Luz, Elektro, Bandeirantes e Metropolitana), de geração de energia elétrica (Cesp, Paranapanema, Cesp Tietê) e de gás (Comgás).
Alckmin anunciou ainda sua desejo de criar uma secretaria extraordinária ou uma agência voltada ao comércio exterior e um conselho de desenvolvimento econômico e social, com a participação de empresários paulistas.

Protocolo
As declarações do governador foram feitas após uma cerimônia simples para oficializar a sua posse na Assembléia Legislativa.
Ao lado do vice-governador Cláudio Lembo (PFL), Alckmin prestou uma homenagem ao governador morto Mário Covas, de quem foi vice por dois mandatos consecutivos. Alckmin assumiu o governo no começo de 2000, após Covas ser internado. "Tomo posse com o coração pequeno. Pequeno pela ausência de Covas." (leia íntegra do discurso abaixo).
O discurso de Alckmin só foi interrompido por gritos de "viva" liderados pelos metroviários Avelazio Jacobina, 46, e Francisco de Assis, 52, que levaram cerca de 40 pessoas da zona leste para a posse do governador. "Fizemos do próprio bolso", disse Jacobina.
Na platéia, quem também chamava a atenção era o prefeito pelo PFL de Aparecida, José Luiz Rodrigues, 47, com os cabelos pintados de loiro e de azul.
"Foi uma aposta. Se Alckmin tivesse em minha cidade mais de 50% dos votos, eu viria à posse com o cabelo pintado. Ele ganhou", disse Rodrigues. O tucano teve 66,76% dos votos válidos na cidade no segundo turno.
Depois de Alckmin assinar o livro da posse -utilizado por todos os governadores paulistas desde 1981-, as formalidades foram encerradas com honras militares. O governador passou em revista a tropa formada por 300 alunos e oficiais da Academia Militar do Barro Branco.
Da Assembléia Legislativa de São Paulo, Alckmin seguiu com a família direto para Brasília, onde acompanhou a transmissão de cargo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Devido à viagem, Alckmin deverá dar posse hoje para seu novo secretariado no Palácio dos Bandeirantes, quando também deverá anunciar mudanças administrativas para seu segundo mandato como governador paulista.



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