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JUDICIÁRIO
Prédio construído com gabinetes para 60 ministros é utilizado por apenas 33 desde sua inauguração, há dez anos
STJ abriga metade dos ministros previstos
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) está completando dez
anos de funcionamento na monumental sede, em Brasília, com
metade do número de ministros
previsto na época da construção.
Sob a alegação de que era necessário instalar gabinetes e áreas de
apoio para até 60 ministros, o
projeto foi ampliado e teve os custos multiplicados ainda durante
as obras. Um novo bloco foi erguido, mas o maior tribunal do
país continua com 33 ministros, o
mesmo número de dez anos atrás.
Em 1995, ano de inauguração da
nova sede, o STJ julgou 62,3 mil
processos. Em 2003, foram 216,9
mil (em 2004, o tribunal julgou
135,1 mil processos até 31 de agosto). O atual presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, contrário à
ampliação do número de ministros, pretende convocar juízes estaduais e federais para ajudar nos
trabalhos de julgamento.
Como a Corte Superior não alterou o quadro de julgadores, os
gabinetes dos 33 ministros tiveram a área duplicada, ocupando
cada um cerca de 280 m2. O espaço anterior foi considerado insuficiente para acomodar as secretarias e assessorias técnicas, diante
do volume de processos. Hoje, alguns gabinetes reformados avançam pelos corredores.
Arrojo e mordomias
A sede do STJ é um conjunto de
cinco blocos com área total construída em torno de 134 mil m2, a
um custo estimado pelo TCU
(Tribunal de Contas da União) de
US$ 1,234 mil o metro quadrado.
Em 1993, os valores pagos chegavam a US$ 164,8 milhões, segundo o TCU.
O "projeto arquitetônico arrojado e majestático", como foi definido na época, é de autoria dos arquitetos Oscar Niemeyer e Hermano Montenegro.
A construção do STJ foi realizada em duas etapas, ambas vencidas em licitação pela Construtora
OAS Ltda. As obras se arrastaram
durante seis anos, em meio a acusações de irregularidades. Sem
concorrência e por meio de aditivos, violando a legislação, segundo o TCU, a Construtora OAS foi
contratada para comprar e instalar, entre outros, elevadores, passarelas, sistemas de exaustão de
cozinha e conjuntos de poltronas.
Grandes espaços nas áreas de
circulação contrastam com as instalações para acomodar 2.613 servidores, 521 estagiários e cerca de
1.000 terceirizados, hoje distribuídos em dois turnos de trabalho.
Elevadores privativos conduzem os 33 ministros diretamente
da garagem a seus gabinetes. Um
pavimento inteiro, no nono andar, é destinado a áreas de lazer e
atividades físicas. Há um restaurante para 120 pessoas, com ampla cozinha e grande churrasqueira, reservado para os ministros.
Não é usado para refeições pelo
funcionalismo, até porque os elevadores privativos não comportariam o fluxo diário de servidores.
Naquele pavimento, os funcionários têm acesso à área de ginástica aeróbica e a uma unidade de
fisioterapia. No primeiro andar,
no prédio do plenário, funciona
uma clínica de estética que oferece, entre outros serviços, massagem relaxante e drenagem linfática. Em outro local, no térreo, há
um salão de beleza.
Obra sem projeto
O STJ foi instituído pela Constituição de 1988, prevendo-se uma
composição mínima de 30 ministros. A justificativa para a ampliação da sede consta de relatório do
TCU. "Considerando o aumento
da carga de trabalho e a possibilidade de ser também aumentada a
quantidade de ministros que
compõe o STJ, as instalações foram dimensionadas e executadas
de forma a poder abrigar e apoiar
os trabalhos de até 60 ministros",
afirmou o então ministro relator,
Carlos Átila Álvares da Silva.
A construção do STJ foi acertada de forma precipitada, no final
de 1989, para comprometer recursos ainda naquele exercício. Não
havia um projeto arquitetônico
básico, definitivo, como prevê a
legislação de licitações públicas. O
projeto preliminar sofreu várias
alterações, elevando-se os custos.
A decisão de construir um segundo bloco para os ministros obrigou o tribunal a rever as condições pactuadas com a OAS.
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