São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Mapa de 2010

Não foi de improviso a longa fala de Lula, em seu discurso "popular", na rampa do Planalto, sobre o que chamou de "terrorismo" no Rio de Janeiro. Nem tampouco a proximidade do presidente com o governador Sérgio Cabral desde a campanha e também ontem. Ainda esta semana, tropas do Exército devem ser destacadas para ajudar a conter a violência no Estado.
Lula vê em Cabral sua porta de entrada no Sudeste, onde os tucanos e presidenciáveis José Serra e Aécio Neves dominam os holofotes e o PT acumula desgaste. Com a parceria, que quebra a longa dissociação entre governos federal e fluminense, o presidente quer fazer frente ao discurso de eficiência com que os tucanos tentarão pavimentar a estrada para 2010.

Copyright. Uma das principais frases do discurso de Lula no Congresso, "não sou populista, sou popular", foi copiada de Anthony Garotinho, que a formulou na campanha presidencial de 2002 e costuma repeti-la com freqüência.

Inércia. De um auxiliar direto de Lula, resumindo o sentimento com a demora do presidente em definir sua equipe para o segundo mandato: "Vamos todos acabar ficando por decurso de prazo".

Barba branca. "Viva Lula, o Papai Noel dos pobres", dizia uma das poucas placas fixadas na Praça dos Três Poderes, esvaziada pela chuva.

VIPs. Kalil Bittar, sócio de Fábio Lula da Silva, o Lulinha, na Gamecorp, foi um dos convidados especiais no Palácio do Planalto, com lugar reservado. Wanderley Nunes, cabeleireiro da primeira-dama, e Roberto Teixeira, compadre do presidente, também receberam a distinção.

Devagar. Lula começa o expediente do primeiro dia útil de seu novo mandato às 15h30. Vai tirar o dia para receber amigos e familiares. Há quatro anos, o 2 de janeiro começou às 8h, com um café da manhã com Hugo Chávez, e teve outras 10 audiências.

Anônimos. Jorge Viana, ministeriável, e Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, foram barrados pela segurança da Câmara ao chegarem para a posse. Só foram liberados depois de alguns minutos.

Dominado. Depois das faixas com os dizeres "Lula, tome posse do Brasil", colocadas em Brasília pelo PT e depois retiradas, a Presidência distribuiu aos convidados para a posse no Planalto broches com o mapa do país inteiro pintado de vermelho.

Proteção. Preocupados com o assédio ao garoto Everton, 8, da foto-símbolo da campanha presidencial, os organizadores da posse colocaram uma assistente social somente para acompanhá-lo durante sua estada em Brasília.

Vão com Deus. O discurso curto e grosso de Sérgio Cabral ontem marcou, para aliados do peemedebista, o rompimento definitivo com os Garotinho. Contribuiu para a irritação do governador a claque anti-Benedita da Silva levada ao palácio pelo casal.

Ironia. Jutahy Júnior (BA) deve estar rindo à toa com a nomeação de Bismarck Maia, tassista de proa, para o secretariado de Cid Gomes (PSB) no Ceará. Tasso Jereissati brigou com o líder na Câmara para impedir participação no governo da Bahia.

Men in black. De nada adiantou a recomendação da nova chefe de cerimonial do Bandeirantes, Cláudia Matarazzo: vários convidados, inclusive novos secretários, trajavam ternos pretos na posse de José Serra. O governador estava de azul marinho.

Déjà-vu. Não é só a base de Lula que ensaia repetir a disputa que levou à eleição de Severino Cavalcanti (PP) em 2005. Em São Paulo, o PSDB não abre mão de disputar a presidência da Assembléia. O pefelista Rodrigo Garcia é candidato à reeleição.

Tiroteio

"Foi um discurso vazio, de quem pensa que ainda está em campanha, muito frustrante. Ao contrário do que diz, Lula só reafirmou sua linha populista".
Do líder da minoria na Câmara, JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA), um dos poucos oposicionistas presentes à solenidade de posse no Congresso, sobre o pronunciamento do presidente.

Contraponto

Voto de silêncio

O vice-governador de Sergipe, Benivaldo Chagas (PSB), era deputado estadual até o fim de 2006. Nos últimos dias de dezembro, participou de uma sessão extraordinária para sabatinar Flávio Conceição, indicado para integrar o Tribunal de Contas do Estado.
Os deputados da comissão fizeram perguntas, mas Chagas, sentado em uma cadeira sem microfone, não foi chamado a se pronunciar. Diante da omissão, protestou:
-Vocês têm uma péssima maneira de tratar o vice. Eu ainda nem tomei posse e já não querem que eu fale?
O plenário todo riu da brincadeira para, em seguida, aprovar a indicação do novo conselheiro do TCE.


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