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Painel
Renata Lo Prete - painel@uol.com.br
Mapa de 2010
Não foi de improviso a longa fala de Lula, em seu
discurso "popular", na rampa do Planalto, sobre o que
chamou de "terrorismo" no Rio de Janeiro. Nem tampouco a proximidade do presidente com o governador
Sérgio Cabral desde a campanha e também ontem.
Ainda esta semana, tropas do Exército devem ser destacadas para ajudar a conter a violência no Estado.
Lula vê em Cabral sua porta de entrada no Sudeste,
onde os tucanos e presidenciáveis José Serra e Aécio
Neves dominam os holofotes e o PT acumula desgaste. Com a parceria, que quebra a longa dissociação entre governos federal e fluminense, o presidente quer
fazer frente ao discurso de eficiência com que os tucanos tentarão pavimentar a estrada para 2010.
Copyright. Uma das principais frases do discurso de Lula
no Congresso, "não sou populista, sou popular", foi copiada
de Anthony Garotinho, que a
formulou na campanha presidencial de 2002 e costuma repeti-la com freqüência.
Inércia. De um auxiliar direto de Lula, resumindo o
sentimento com a demora do
presidente em definir sua
equipe para o segundo mandato: "Vamos todos acabar ficando por decurso de prazo".
Barba branca. "Viva Lula,
o Papai Noel dos pobres", dizia uma das poucas placas fixadas na Praça dos Três Poderes, esvaziada pela chuva.
VIPs. Kalil Bittar, sócio de
Fábio Lula da Silva, o Lulinha,
na Gamecorp, foi um dos convidados especiais no Palácio
do Planalto, com lugar reservado. Wanderley Nunes, cabeleireiro da primeira-dama,
e Roberto Teixeira, compadre
do presidente, também receberam a distinção.
Devagar. Lula começa o expediente do primeiro dia útil
de seu novo mandato às
15h30. Vai tirar o dia para receber amigos e familiares. Há
quatro anos, o 2 de janeiro começou às 8h, com um café da
manhã com Hugo Chávez, e
teve outras 10 audiências.
Anônimos. Jorge Viana,
ministeriável, e Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, foram barrados pela segurança da Câmara ao chegarem
para a posse. Só foram liberados depois de alguns minutos.
Dominado. Depois das faixas com os dizeres "Lula, tome posse do Brasil", colocadas em Brasília pelo PT e depois retiradas, a Presidência
distribuiu aos convidados para a posse no Planalto broches
com o mapa do país inteiro
pintado de vermelho.
Proteção. Preocupados com
o assédio ao garoto Everton, 8,
da foto-símbolo da campanha
presidencial, os organizadores da posse colocaram uma
assistente social somente para acompanhá-lo durante sua
estada em Brasília.
Vão com Deus. O discurso curto e grosso de Sérgio Cabral ontem marcou, para aliados do peemedebista, o rompimento definitivo com os
Garotinho. Contribuiu para a
irritação do governador a claque anti-Benedita da Silva levada ao palácio pelo casal.
Ironia. Jutahy Júnior (BA)
deve estar rindo à toa com a
nomeação de Bismarck Maia,
tassista de proa, para o secretariado de Cid Gomes (PSB)
no Ceará. Tasso Jereissati brigou com o líder na Câmara para impedir participação no
governo da Bahia.
Men in black. De nada
adiantou a recomendação da
nova chefe de cerimonial do
Bandeirantes, Cláudia Matarazzo: vários convidados, inclusive novos secretários, trajavam ternos pretos na posse
de José Serra. O governador
estava de azul marinho.
Déjà-vu. Não é só a base de
Lula que ensaia repetir a disputa que levou à eleição de Severino Cavalcanti (PP) em
2005. Em São Paulo, o PSDB
não abre mão de disputar a
presidência da Assembléia. O
pefelista Rodrigo Garcia é
candidato à reeleição.
Tiroteio
"Foi um discurso vazio, de quem pensa que ainda
está em campanha, muito frustrante. Ao
contrário do que diz, Lula só reafirmou sua linha
populista".
Do líder da minoria na Câmara, JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA), um dos
poucos oposicionistas presentes à solenidade de posse no Congresso,
sobre o pronunciamento do presidente.
Contraponto
Voto de silêncio
O vice-governador de Sergipe, Benivaldo Chagas (PSB),
era deputado estadual até o fim de 2006. Nos últimos dias
de dezembro, participou de uma sessão extraordinária para sabatinar Flávio Conceição, indicado para integrar o
Tribunal de Contas do Estado.
Os deputados da comissão fizeram perguntas, mas Chagas, sentado em uma cadeira sem microfone, não foi chamado a se pronunciar. Diante da omissão, protestou:
-Vocês têm uma péssima maneira de tratar o vice. Eu
ainda nem tomei posse e já não querem que eu fale?
O plenário todo riu da brincadeira para, em seguida,
aprovar a indicação do novo conselheiro do TCE.
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