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Deputados cedem lugar a jornalistas em plenário vazio
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma cena descreve à perfeição o esvaziamento da
posse presidencial ontem no
Congresso. No início da tarde, a direção da Casa fez um
movimento logo chamado de
"liberou geral": jornalistas,
funcionários de vários setores e convidados foram autorizados a entrar no plenário
da Câmara e sentar nas cadeiras reservadas aos deputados. Foi a única forma de
diminuir o constrangimento
de um plenário com mais da
metade dos lugares vagos.
Atrás de uma das cadeiras
ocupadas pela Folha havia
uma funcionária do apóio do
serviço de taquigrafia. Tirou
a sorte grande. É raro ter a
chance de se sentar no plenário da Câmara, ainda mais
numa posse presidencial.
Apesar desse esforço de última hora, cerca de um terço
das cadeiras ficou vago.
A presença minguada de
público e de personalidades
em geral não foi a única marca da posse de Luiz Inácio
Lula da Silva. O ambiente estava desidratado de maneira
geral em relação à cerimônia
de quatro anos atrás.
Vestidos vermelhos? Só
seis contra uma profusão na
primeira posse lulista. A própria primeira-dama, Marisa
Letícia, amarelou o traje.
Um dos filhos do casal presidencial, Fábio Luís Lula da
Silva, o Lulinha, trajava uma
gravata vermelha.
Houve menos aplausos do
que em 2003 e nenhuma palavra de ordem que tenha sido cantada de maneira efusiva por todo o plenário. Era
como se todos estivessem ali
para cumprir um ritual maçante e obrigatório. "Acho
normal. Não era para ser
uma apoteose. O momento é
outro", explicava o líder do
PT na Câmara, Henrique
Fontana (RS).
Dos 27 governadores eleitos e que tomaram posse ontem, 6 apareceram (dois deles do PT): Binho Marques
(PT-AC), Cid Gomes (PSB-CE), Marcelo Miranda
(PMDB-TO), Sérgio Cabral
(PMDB-RJ), Waldez Goes
(PDT-AP) e Wellington Dias
(PT-PI).
Dos 513 deputados federais, apenas 107 compareceram. Havia também 23 dos
81 senadores.
Na própria Mesa Diretora
houve uma defecção importante: o primeiro-secretário
da Câmara, Inocêncio Oliveira (PL-PE), preferiu ficar
em seu Estado natal e não
cumpriu seu dever constitucional de ler o termo de posse de Lula e do vice, José
Alencar.
A tarefa então seria repassada a Nilton Capixaba
(PTB-RO), o segundo-secretário. Ele estava presente,
mas teve seu nome envolvido no escândalo dos sanguessugas. Repassou-se então a missão ao terceiro-secretário, Eduardo Gomes
(PSDB-TO).
O cuidado extra do cerimonial da Câmara poupou
Lula do constrangimento
apenas por algum tempo. O
presidente teve de caminhar
lentamente até a saída do
plenário, abraçando muitos
dos políticos presentes, sem
distinção. "Fleury, meu caro", disse para o deputado
Luiz Antonio Fleury Filho
(PTB-SP), quando avistou o
ex-governador paulista, em
quem deu um forte abraço.
Mais adiante, cumprimentou o presidente nacional do
PRTB, Levy Fidelix, o mesmo partido de Fernando
Collor -eleito senador por
Alagoas, mas ausente ontem.
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