São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ACM rompe protocolo e arranca aplausos

da Sucursal de Brasília

Com um discurso de cinco minutos, o presidente do Senado e do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), roubou a festa da posse do presidente Fernando Henrique Cardoso, arrancando aplausos do plenário.
Diferentemente do tom monocórdio de FHC, o presidente do Congresso e do Senado dava ênfase ao usar palavras como "povo" e "coragem".
Um dos pontos altos da fala de ACM foi quando o senador disse a FHC que o Congresso ajudará o governo a enfrentar a atual crise econômica.
Nas anotações que o senador preparou para seu discurso, isso aparece em três frases:
"Quero afirmar a V.Exa. que todos, de todos os partidos se encontrarão com V.Exa. onde estiver o interesse nacional. O povo lhe conferiu um novo mandato e, atentos à vontade do povo, nós que somos seus legítimos representantes ajudaremos, como espera a Nação, o seu governo. O Congresso Nacional não lhe faltou no mandato que se findou e não faltará no que hoje se inicia".
Não estava previsto o discurso de ACM. Segundo sua assessoria, o senador teria avisado FHC previamente de que falaria antes de encerrar a cerimônia.
No roteiro oficial da cerimônia de posse, constava que ACM encerraria a sessão com um breve pronunciamento. O presidente do Senado e do Congresso, se seguisse o que ocorreu há quatro anos, apenas agradeceria a FHC e ao vice-presidente, Marco Maciel.
ACM falou de improviso, das 17h31 às 17h36, e extrapolou os simples agradecimentos protocolares. Seguiu uma sequência de sete pontos que trouxe anotados em duas folhas. O senador elevou várias vezes o tom de voz, gesticulou os braços e tentou imprimir um tom emocionado e popular ao seu discurso.
Sobre a atual instabilidade na economia internacional que influencia o Brasil, ACM disse que isso "perturba", mas não "intimida". Em seguida, disse uma frase de efeito:
"Quem não tem força e coragem para enfrentar a adversidade, não merece o dom da vida".
A frase de ACM foi comentada com ironia pelo deputado José Genoino (PT-SP). "O ACM tentou fazer as correções com uma dose de emoção no discurso do presidente Fernando Henrique. E mandou algumas indiretas, como essa história de coragem e dom da vida", disse o petista.
O discurso de ACM também foi defendido pelo líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). "Achei o discurso belíssimo. Como médico, entendo da psicologia humana e posso dizer que o presidente da República também gostou muito."
(EC e FR)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.