|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIVISÃO DE COTAS
Presidente da Câmara diz que votação de ajuste "caminhará' com preenchimento de cargos; senador contesta
Temer e ACM divergem sobre 2º escalão
AUGUSTO GAZIR
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), afirmou ontem que a aprovação do ajuste fiscal no Congresso vai "caminhar"
com o preenchimento dos cargos
de segundo escalão do governo federal.
"Ao mesmo tempo que o Congresso legisla, o governo vai fazendo o ajuste administrativo", disse
Temer.
Ele disse não acreditar que a indefinição sobre os cargos prejudique a aprovação do ajuste fiscal,
mas afirmou que o interesse dos
políticos governistas no segundo
escalão é "legítimo". "É natural
que os partidos pleiteiem, segundo
a constituição de forças, a presença
no segundo escalão."
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), opôs-se a Temer e disse que não se deve
misturar as necessidades do país
com a nomeação de cargos.
"Tem de se fazer o que for melhor, com as melhores pessoas, sejam elas de que partidos forem",
afirmou ACM.
Para ele, o Congresso vai aprovar
com rapidez o ajuste fiscal, em especial a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). "Até porque, sem a
aprovação, o governo tomará outras medidas que penalizarão mais
o contribuinte."
Antonio Carlos afirmou que
FHC tem autonomia para mexer
na sua equipe, mas considerou
"criminosa" a especulação, no dia
da posse, sobre possíveis mudanças no ministério.
Os dois concordaram que a economia brasileira terá um início de
ano difícil, o que torna urgente a
aprovação do ajuste.
²
Indefinição
Já o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), afirmou não
acreditar que a indefinição sobre a
composição do segundo escalão
prejudique a aprovação do ajuste
fiscal.
"Não haverá dificuldade na
aprovação do ajuste porque o presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma engenharia política
altamente competente na montagem do ministério, contemplando
todos os partidos aliados."
Para Inocêncio, o mais polêmico
foi a montagem do ministério. Como, em sua avaliação, todos os
partidos aliados saíram satisfeitos,
a indefinição no segundo escalão
não fará diferença na votação do
ajuste.
"Acho que agora os líderes estão
ainda mais compromissados em
aprovar as reformas. Eles vão fazer
com que suas bancadas votem de
acordo com a vontade do governo."
Ao contrário de Inocêncio, o senador Teotonio Vilela Filho (AL),
presidente do PSDB, disse que a indefinição no segundo escalão trará
algumas dificuldades para a aprovação do ajuste, porque é "inevitável que haja descontentamentos".
"É natural que haja atritos. Nada
é fácil, mas o ajuste passará", afirmou.
A Folha apurou que a nova bancada do PTB na Câmara, por
exemplo, está insatisfeita com a
composição do ministério e espera
a recompensa na nomeação do segundo escalão para aprovar a
CPMF.
²
Oposição
O deputado José Genoino (PT-SP), um dos poucos parlamentares
de oposição presentes à posse, disse que o governo dificilmente perderá as votações do pacote fiscal
no Congresso.
Para Genoino, o governo conseguirá os votos necessários à aprovação do pacote porque a montagem do ministério agradou os partidos aliados.
"O governo tem maioria aritmética e matemática para aprovar
suas propostas, até porque ele
montou o ministério para isso. E
olha que ainda existem os cargos
do segundo escalão, que são uma
moeda importante. Mas vamos
cumprir nosso papel de denunciar
o absurdo que é o pacote. Como a
CPMF é uma parada indigesta,
quem sabe tenhamos chance", disse o deputado petista.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|