São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

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SÃO PAULO
Ao assumir interinamente o governo, tucano prevê um ano "difícil" e defende taxas de juros menores
Pode haver mais demissões, diz Alckmin

da Reportagem Local


Ao tomar posse ontem como vice-governador e assumir interinamente o governo de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin defendeu a redução das taxas de juros, admitiu que 1999 será um ano "difícil" devido à crise econômica e não descartou a possibilidade de o Estado demitir mais funcionários públicos.
"É evidente que é um ano difícil. Mas tem de ser também um ano de iniciativas e de criatividade", disse Alckmin. "Esperamos que as dificuldades sejam passageiras. As taxas de juros não podem permanecer definitivamente nesse patamar. É importante a implementação das reformas o mais rápido possível para que as taxas sejam reduzidas e o crescimento, retomado", completou.
Segundo Alckmin, São Paulo é o Estado que mais sofre com os juros altos por depender muito da receita de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A taxa básica de juros está hoje em 29% ao ano.
Em 1998, São Paulo sofreu uma queda de arrecadação de cerca de 3,5% em relação a 97, o que significou uma perda de R$ 650 milhões, segundo a Secretaria da Fazenda. Alckmin afirmou que, apesar de o Estado já ter feito seu ajuste fiscal e estar com 160 mil funcionários públicos a menos do que há quatro anos, será necessário fazer outro "pequeno ajuste".
"O governo já fez uma redução grande do número de funcionários. Mas é preciso haver uma pequena redução, porque o Estado gasta 64% de sua receita líquida com pessoal . A demissão de funcionários não é a nossa prioridade número um. Vamos tentar reduzir custeio", afirmou.
Alckmin assumiu interinamente o comando do Estado porque o governador reeleito, Mário Covas (PSDB), está se recuperando de uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno na bexiga.
Covas deve reassumir o governo entre 10 e 15 dias, segundo sua assessoria de imprensa.
Ontem, o vice-governador evitou dizer precisamente qual será a data do retorno de Covas. "O retorno do governador é uma questão de dias, mas essa é uma decisão que cabe a ele e aos médicos."
Covas deve se dedicar à formação de seu secretariado durante o mês de janeiro. Os atuais secretários continuam nos seus cargos até que ele defina a nova equipe. A cerimônia de posse foi feita na Assembléia Legislativa e durou cerca de uma hora. O discurso de Alckmin foi uma homenagem a Covas.
A mulher do governador, Lila, e seus filhos, Mário Covas Neto e Renata, participaram da solenidade. Depois da cerimônia, o vice passou em revista as tropas da Polícia Militar e concedeu entrevista.
Em vários momentos, Alckmin destacou que a prioridade do segundo mandato de Covas será a área social. Ele citou como medida que se encaixa no perfil do novo governo a que reduz a carga tributária das pequenas empresas.
Essa medida entrou em vigor ontem. De acordo com Alckmin, ela vai beneficiar cerca de 640 mil contribuintes, reduzindo a alíquota de ICMS de 18% para 2,5% (no caso das empresas com faturamento anual entre R$ 120 mil e R$ 720 mil) e para 1% (empresas que faturam de R$ 83 mil a R$ 120 mil).
Na sua opinião, os problemas na segurança pública, a área mais criticada do governo Covas, devem ser resolvidos, em parte, no segundo mandato. "Agora é que o maior número de presos está sendo transferido para as penitenciárias. Com isso, o problema da superlotação em cadeias e distritos policiais deve ser minimizado".
(PATRÍCIA ANDRADE)



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