São Paulo, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Dono do Marka e presidente do FonteCindam devem ser indiciados ao lado do ex-chefe do BC
PF quer novo indiciamento de Lopes

da Sucursal do Rio

A Polícia Federal começou ontem o indiciamento dos envolvidos na ajuda que o Banco Central deu, durante a crise cambial de janeiro de 99, aos bancos Marka e FonteCindam. Deve ser indiciado o então presidente do BC, Francisco Lopes.
Ontem, A PF indiciou economista Rubem Novaes sob acusação de tráfico de influência.
Após a desvalorização do real, Novaes acompanhou Salvatore Cacciola, dono do Marka, em uma viagem a Brasília na qual o banqueiro foi pedir ajuda ao BC.
Também participou da viagem o economista Luís Bragança, ex-sócio de Lopes na empresa de consultoria Macrométrica.
Ontem, ao deixar a Superintendência da PF no Rio, Novaes disse que viajou a Brasília a pedido de Cacciola. "Eu estava atendendo ao apelo de um amigo que conheço há mais de 35 anos, que estava passando por um momento de crise. Fiz o que qualquer cidadão de bem faria", afirmou.
Ele disse que não teve "nenhuma ingerência nas negociações do Marka com o BC". "Não faço parte do círculo de relacionamentos de Francisco Lopes", afirmou.
A PF pretende indiciar até amanhã outras quatro pessoas que estão sendo investigadas no caso Marka, inclusive Lopes.
De acordo com o delegado federal responsável pelo caso, Luís Pontel, Lopes deverá ser indiciado sob acusação de peculato - utilização de dinheiro público em proveito próprio ou alheio.
O provável indiciamento se baseia no fato de que Pontel considera insuficiente o argumento do BC de que a venda de dólares com cotação baixa aos dois bancos teve como objetivo evitar uma crise do mercado financeiro.
A Folha entrou em contato com o advogado de Lopes, Luís Guilherme Vieira, para que ele comentasse o assunto. Não obteve resposta até a conclusão desta edição.
Lopes foi indiciado pela PF em janeiro, acusado de evasão de divisas, em inquérito decorrente do caso Marka, que apura envio de US$ 1,67 milhão para o exterior.
Além de Lopes, a PF deverá indiciar Luís Bragança sob acusação de tráfico de influência. Na avaliação dos investigadores do caso, ele teria se valido de sua proximidade com o então presidente do BC para obter a ajuda ao Marka.
Os outros prováveis indiciados são Salvatore Cacciola, dono do Marka, e o presidente FonteCindam, Luís Antônio Gonçalves, sob acusação de gestão temerária.
O advogado de Cacciola, José Carlos Fragoso, disse que considera "estranha" a acusação. Segundo ele, o banco Marka sempre operou dentro dos limites permitidos pela Bolsa de Mercadorias & Futuros e pelo BC. Gonçalves não foi localizado ontem.


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