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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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Câmara toma posse sem disputa pela presidência

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Sem disputa pela presidência, mas com um intenso troca-troca de partidos, tomaram posse ontem os 508 dos 513 deputados federais eleitos em outubro -outros cinco tomarão posse depois, por diversos motivos. Como presidente da Câmara será eleito hoje um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato único João Paulo Cunha (PT-SP).
Os maiores partidos de oposição, PFL e PSDB, selaram acordo para respeitar a indicação do maior partido da Casa, o PT, que elegeu 91 deputados. O entendimento se estendeu aos demais cargos da Mesa, seguindo o tamanho de cada bancada na eleição.
Na única disputa prevista para hoje, a da primeira secretaria da Mesa, os grandes partidos assumiram o compromisso formal de apoiar o candidato da direção do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), que disputará o cargo com José Pinotti (SP), da ala dissidente. Geddel, porém, teme traições.
Acordo de líderes, fechado ontem pela manhã, irá permitir a formação de blocos parlamentares até 15 de fevereiro, quando se inicia a legislatura. Essa decisão poderá alterar a distribuição das comissões e a escolha de presidentes e relatores de projetos, inclusive das reformas constitucionais que Lula pretende fazer.
Na disputa das relatorias, o PC do B e o PSB, de apoio a Lula, podem formar um bloco para garantir maior número possível de comissões, e PPB e PFL ameaçam criar outro bloco para não perderem espaço. A estratégia dos aliados petistas e a reação dos opositores não devem alterar o núcleo de poder na Casa: tanto PT quanto PFL, as maiores bancadas, já têm o compromisso dos aliados para garantir o controle das principais comissões e relatorias.
Para a composição das comissões, os líderes decidiram que irá valer o tamanho das bancadas às 11h03 de ontem. A definição do horário foi necessária diante do intensa troca-troca. A definição desse limite gerou discussões acirradas. O líder do PPS, Roberto Freire, pediu que o prazo fosse 15 de fevereiro, enquanto Roberto Jefferson (RJ), líder do PTB, defendia anteontem à noite. Até então, o PTB tinha 42 deputados, o que lhe assegurava a presidência de duas comissões. A sigla amanheceu com um deputado a menos e perdeu uma comissão.
Pela formação das bancadas de ontem, o PT, o PFL e o PMDB ficaram com três comissões. O PSDB e o PPB, com duas. PTB, PL, PSB, PPS e PDT, com uma.
Duas disputas pelas lideranças de bancada foram acirradas. Jutahy Magalhães (BA), ligado aos tucanos paulistas, foi reeleito líder do PSDB, por 37 votos a 25, derrotando o candidato Custódio Mattos (MG), apoiado pelo governador Aécio Neves. No PMDB, o candidato da cúpula do partido, Eunício Oliveira (CE), venceu por 36 votos a 33 o candidato dos dissidentes, Barbosa Neto (GO).


Cargos da Mesa Diretora: presidente João Paulo Cunha (PT-SP); 1º vice-presidente, Inocêncio Oliveira (PFL-PE); 2º vice-presidente, Luiz Piauhylino (PSDB-PE); 1º secretário, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) ou José Pinotti (PMDB-SP); 2º secretário, Severino Cavalcanti (PPB-PE); 3º secretário, Nilton Capixaba (PTB-RO); 4º secretário, Ciro Nogueira (PFL-PI).
Líderes dos partidos: Nelson Pellegrino (PT-BA), José Carlos Aleluia (PFL-BA), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Jutahy Magalhães (PSDB-BA), Pedro Henry (PPB-MT), Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valdemar Costa Neto (PL-SP), Eduardo Campos (PSB-PE), Roberto Freire (PPS-PE), Inácio Arruda (PC do B-CE).


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