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Só as construtoras investiram R$ 8,79 milhões nas campanhas de deputados e senadores eleitos; usineiros também financiaram
Empreiteiras bancaram novos congressistas
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empreiteiras, bancos, empresas
de siderurgia e usineiros foram os
principais financiadores dos deputados e senadores que tomaram posse ontem. Só as construtoras investiram R$ 8,79 milhões
nas campanhas de 151 deputados
e 24 senadores eleitos.
Os bancos aplicaram R$ 5,58
milhões nas campanhas de 74 deputados e 16 senadores. A novidade foi o investimento pesado das
usinas de açúcar e álcool -R$
2,48 milhões, concentrados em 24
deputados e cinco senadores.
O principal ponto de interesse
das empreiteiras no Congresso é o
Orçamento da União, que neste
ano prevê cerca de R$ 8 bilhões
para as emendas de bancada, quase que totalmente direcionadas
para grandes obras nos Estados.
O investimento feito na campanha representa um milésimo dos
recursos previstos pelas emendas
num só ano.
Os bancos acompanham com
atenção a tramitação da proposta
de emenda que altera o artigo 192
da Constituição federal, sobre o
sistema financeiro nacional. Defendem a autonomia do Banco
Central.
Também foram expressivas as
contribuições das empresas de siderurgia (R$ 4 milhões), dos setores de saúde (R$ 2,2 milhões), de
papel e celulose (R$ 2 milhões), de
mineração (R$ 1,77 milhão), da
agricultura (R$ 1,25 milhão), de
editoras e gráficas (R$ 684 mil) e
de transportes (R$ 431 mil).
Líderes
O levantamento das doações foi
feito pela Folha a partir de dados
oficiais fornecidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os empreiteiros investiram tanto em congressistas de expressão
quanto em outros menos conhecidos. As maiores doações foram
feitas ao ex-ministro da Justiça
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) -R$ 405 mil. Em segundo lugar ficou o presidente nacional do
PTB, José Carlos Martinez (PR),
com 300 mil.
O empreiteiros também fizeram
doações importantes para Vander Loubet (PT-MS) e Marcello
Siqueira (PMDB-MG).
No Senado, gastaram R$ 1 milhão nas campanhas de quatro
candidatos de peso, os ex-governadores César Borges (PFL-BA) e
Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o
ex-vice-presidente Marco Maciel
(PFL-PE) e o ex-presidente do
PSDB, Teotonio Vilela Filho (AL).
Enquanto os empreiteiros apostaram mais na Câmara, onde investiram R$ 6,67 milhões, os bancos dividiram mais os recursos
entre as duas Casas -R$ 2,98 milhões na Câmara e R$ 2,59 milhões no Senado.
Só o senador Romeu Tuma
(PFL-SP) recebeu R$ 480 mil das
instituições financeiras.
Os bancos injetaram mais R$
934 mil nas campanhas de Marco
Maciel (R$ 324 mil), do ex-ministro Arthur Virgílio (R$ 310 mil),
do presidente do Congresso, Ramez Tebet (R$ 300 mil), e da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (R$ 200 mil).
Na Câmara, a maior doação dos
bancos foi para o ex-líder do governo Fernando Henrique Cardoso, Arnaldo Madeira (R$ 151 mil).
Na bancada dos usineiros, a
maior "contribuição" foi recebida
pelo deputado João Lyra (PTB-AL). Uma empresa sua, a Laginha
Agro Industrial, surge como
"doadora" de R$ 518 mil.
Na bancada da agricultura destacam-se Alex Canziani (PSDB-PR) e Nelson Marquezelli (PTB-SP). O deputado e ministro Anderson Adauto (Transportes),
aparece nas bancadas da agricultura e dos usineiros.
São raros os petistas que figuram entre os que receberam as
maiores doações. Os congressistas preferidos das grandes empresas continuam sendo os do PFL,
do PSDB e do PMDB.
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