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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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Só as construtoras investiram R$ 8,79 milhões nas campanhas de deputados e senadores eleitos; usineiros também financiaram

Empreiteiras bancaram novos congressistas

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Empreiteiras, bancos, empresas de siderurgia e usineiros foram os principais financiadores dos deputados e senadores que tomaram posse ontem. Só as construtoras investiram R$ 8,79 milhões nas campanhas de 151 deputados e 24 senadores eleitos.
Os bancos aplicaram R$ 5,58 milhões nas campanhas de 74 deputados e 16 senadores. A novidade foi o investimento pesado das usinas de açúcar e álcool -R$ 2,48 milhões, concentrados em 24 deputados e cinco senadores.
O principal ponto de interesse das empreiteiras no Congresso é o Orçamento da União, que neste ano prevê cerca de R$ 8 bilhões para as emendas de bancada, quase que totalmente direcionadas para grandes obras nos Estados. O investimento feito na campanha representa um milésimo dos recursos previstos pelas emendas num só ano.
Os bancos acompanham com atenção a tramitação da proposta de emenda que altera o artigo 192 da Constituição federal, sobre o sistema financeiro nacional. Defendem a autonomia do Banco Central.
Também foram expressivas as contribuições das empresas de siderurgia (R$ 4 milhões), dos setores de saúde (R$ 2,2 milhões), de papel e celulose (R$ 2 milhões), de mineração (R$ 1,77 milhão), da agricultura (R$ 1,25 milhão), de editoras e gráficas (R$ 684 mil) e de transportes (R$ 431 mil).

Líderes
O levantamento das doações foi feito pela Folha a partir de dados oficiais fornecidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os empreiteiros investiram tanto em congressistas de expressão quanto em outros menos conhecidos. As maiores doações foram feitas ao ex-ministro da Justiça Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) -R$ 405 mil. Em segundo lugar ficou o presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez (PR), com 300 mil.
O empreiteiros também fizeram doações importantes para Vander Loubet (PT-MS) e Marcello Siqueira (PMDB-MG).
No Senado, gastaram R$ 1 milhão nas campanhas de quatro candidatos de peso, os ex-governadores César Borges (PFL-BA) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o ex-vice-presidente Marco Maciel (PFL-PE) e o ex-presidente do PSDB, Teotonio Vilela Filho (AL).
Enquanto os empreiteiros apostaram mais na Câmara, onde investiram R$ 6,67 milhões, os bancos dividiram mais os recursos entre as duas Casas -R$ 2,98 milhões na Câmara e R$ 2,59 milhões no Senado.
Só o senador Romeu Tuma (PFL-SP) recebeu R$ 480 mil das instituições financeiras.
Os bancos injetaram mais R$ 934 mil nas campanhas de Marco Maciel (R$ 324 mil), do ex-ministro Arthur Virgílio (R$ 310 mil), do presidente do Congresso, Ramez Tebet (R$ 300 mil), e da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (R$ 200 mil).
Na Câmara, a maior doação dos bancos foi para o ex-líder do governo Fernando Henrique Cardoso, Arnaldo Madeira (R$ 151 mil).
Na bancada dos usineiros, a maior "contribuição" foi recebida pelo deputado João Lyra (PTB-AL). Uma empresa sua, a Laginha Agro Industrial, surge como "doadora" de R$ 518 mil.
Na bancada da agricultura destacam-se Alex Canziani (PSDB-PR) e Nelson Marquezelli (PTB-SP). O deputado e ministro Anderson Adauto (Transportes), aparece nas bancadas da agricultura e dos usineiros.
São raros os petistas que figuram entre os que receberam as maiores doações. Os congressistas preferidos das grandes empresas continuam sendo os do PFL, do PSDB e do PMDB.



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