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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Com fortalecimento de Serra, governador já admite possibilidade de ficar no cargo até o fim
Alckmin reavalia decisão de renunciar a qualquer custo
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o fortalecimento do nome
do prefeito José Serra dentro do
PSDB, o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, reavalia a decisão já declarada de deixar o Palácio dos Bandeirantes a qualquer
custo. Em janeiro, ao anunciar a
disposição de concorrer, Alckmin
disse que renunciaria até o dia 31
de março, mesmo que não fosse o
escolhido do partido para disputar a Presidência.
Segundo seus interlocutores,
Alckmin tem dito, porém, que
sairá apenas para a disputa presidencial e já estaria admitindo a hipótese de ficar no cargo. Nesse caso, trabalharia para eleger seu sucessor e colaboraria, formalmente, na campanha de Serra.
Ontem à tarde, Alckmin deu a
entender que poderia concluir
seu mandato ao responder, duas
vezes, com um "aguardem"
quando questionado se deixaria
mesmo o governo. "Sair ou não
sair do governo depende muito
desse processo [de negociação interna]. Essa coisa não é mecânica", reagiu o líder do governo na
Assembléia, Edson Aparecido,
após a entrevista do governador.
Mais tarde, informado do impacto de sua declaração, Alckmin
disse que houve "uma interpretação equivocada". "Não mudei nada. Meu nome está à disposição
do partido, sou pré-candidato,
deixo o governo no dia 30 de março", afirmou o governador.
Alckmin, porém, se recusou a
analisar a possibilidade de deixar
o governo ainda que não seja o escolhido. "Mas por que vou avaliar
essa hipótese se está indo bem, se
estamos começando um trabalho?", perguntou.
Adeptos da candidatura de
Alckmin reconhecem, no entanto, que o governador ainda não
decidiu se fica. "Não há uma decisão. O que o governador gostaria
é que a escolha do partido fosse
rápida", disse o deputado federal
Silvio Torres (SP).
A interlocutores Alckmin disse
que não disputará o Senado e falou até em disputar, em convenção, a preferência do partido.
Alckmin alega que seu perfil e a
aprovação de seu governo seriam
capazes de conter eventuais arranhões em sua imagem por conta
da decisão de deixar o cargo. Nesse caso, Alckmin evocaria o "apego à democracia" do PSDB.
A hipótese de encarar uma prévia pode ganhar corpo, mantido o
desconforto de Alckmin. Ele tem
reclamado do que chama de
"plantação" de notícias, segundo
as quais a opção por Serra já estaria tomada. O governador chegou
a dizer ser vítima de "fofoca".
Segundo aliados de Alckmin, o
governador está contrariado com
a fixação de fim de março como
data para a escolha do candidato.
Ansioso, ele teme o desgaste de
mais dois meses, até porque duvida que as pesquisas venham a
apresentar grande alteração.
"Não acredito em nenhuma
mudança grande de pesquisas. As
mudanças serão pequenas. Pesquisa só começa a valer quando
começar o programa de TV."
A aliados Alckmin se queixou
ainda da falta de uma estrutura de
articuladores a exemplo da tropa
arregimentada por Serra. O governador estaria reclamando da
falta de empenho do chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, a quem
não delegou essa função. Apesar
das críticas, Madeira tem acompanhado o governador nas atividades públicas, como a de ontem.
Ainda segundo aliados, Alckmin mantém a esperança de que
Serra desista de concorrer, temendo uma reação negativa entre
os moradores de São Paulo. Segundo tucanos, a proporção de
eleitores contrário à renúncia seria de dois por um.
Apesar disso, Alckmin mostrava ontem que se prepara para a
possibilidade de ser preterido.
"Não irá haver decepção. Não há
demérito para quem não for o escolhido", disse em entrevista.
Colaborou ANA PAULA BONI, da Redação
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