|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"MENSALÃO"/ O MARQUETEIRO
Informações sobre Duda devem ser repassadas ao Ministério da Fazenda na próxima semana
Agência dos EUA diz a CPI que facilitará acesso a dados
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
A equipe da CPI dos Correios
ouviu ontem do Fincen (agência
de inteligência financeira dos
EUA) a promessa de que os dados
bancários do publicitário Duda
Mendonça seriam repassados na
próxima semana ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda). A notícia foi recebida como vitória pelos deputados, que
apostam no acesso mais simples à
documentação a partir de agora.
Osmar Serraglio (PMDB-PR),
Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE) se reuniram
na tarde de ontem com o diretor
em exercício do Fincen, William
Baity, e ouviram um pedido de
desculpas pela demora no repasse
dos dados, solicitados no ano passado pelo Coaf. Anteontem, não
receberam uma resposta afirmativa de acesso ao material da Promotoria Distrital de Nova York.
"O promotor de Nova York pega todas as informações do Duda
aqui [no Fincen]. E aqui nos disseram que aceitam passar tudo
diretamente para o Coaf", resumiu o peemedebista Serraglio.
Os EUA enquadram o combate
à corrupção no mesmo patamar
de terrorismo e tráficos de drogas
e pessoas, como casos prioritários
de investigação de lavagem de dinheiro. Quando fez o pedido em
2005, porém, o Coaf não pediu urgência nem classificou o caso como importante. A solicitação entrou na "fila comum" de outros
pedidos da autoridade brasileira.
"Em momento nenhum o governo brasileiro tinha informado
os EUA de que se tratava de caso
de corrupção de tamanha importância", criticou Eduardo Paes.
O diretor em exercício do Fincen disse aos deputados que repassará "dados brutos" sobre a
movimentação financeira do publicitário. Isso significa que serão
rastreadas todas as eventuais contas de Duda no sistema bancário
americano, e, quando for identificada alguma, o Coaf receberá dados sobre valores depositados,
datas, numeração bancária etc.
Baity também teria prometido
um ajuste nas comunicações com
o Coaf. Segundo os tratados de
cooperação entre Brasil e EUA, o
conselho deveria ser informado
sobre movimentações suspeitas
de brasileiros no sistema financeiro americano e vice-versa -por
isso os órgãos são chamados de
inteligência financeira.
Sigilo
Como os dados não chegaram
ao Coaf, a CPI vinha tentando obter do Ministério da Justiça a documentação sobre Duda que foi
repassada pela Promotoria de
Nova York em 2005. A Promotoria teme o vazamento de informações e se fia no sistema jurídico
brasileiro, daí vinculou o repasse
à assinatura de acordo de confidencialidade pelo DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça).
O diretor do DRCI, Antenor
Madruga, acompanha a equipe
dos deputados na viagem aos
EUA, que termina amanhã.
Assim, o Ministério Público Federal e a Justiça podem analisar o
material, mas não os deputados.
O acordo gerou reclamações da
Polícia Federal no ano passado
contra a ingerência do DRCI.
Os deputados esperam ter mais
sorte com o Coaf. O conselho já
recebe dados sigilosos de outros
países via acordos de cooperação
e também tem a obrigação de
manter sigilo. "As informações
vão ao Brasil com a ressalva de sigilo, mas temos trabalhado bem
com o Coaf e assim será mais fácil
ter acesso", comemorou Paes.
Texto Anterior: Lula contesta crítica de tucanos e acusa oposição de "leviandade" Próximo Texto: Janio de Freitas: Telhados de vidro Índice
|