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CONGRESSO
Presidente do Senado afirma que excesso de MPs "tumultua" trabalhos
Renan critica uso de medidas provisórias
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), criticou ontem o excesso do uso de medidas provisórias pelo Poder Executivo, dizendo que elas "tumultuam" o trabalho do Congresso.
As declarações foram feitas durante discurso na solenidade de
abertura dos trabalhos do Poder
Judiciário, no plenário do STF
(Supremo Tribunal Federal).
Na primeira vez, Renan só tocou no assunto. "O Senado aprovou mais de 1.700 matérias, no
ano passado, mesmo com toda a
agitação política e a pauta trancada por MPs em 65% das sessões."
Lula não esboçou contragosto.
Perto do fim do discurso, Renan
voltou ao tema. "Elas [as MPs] tumultuam os trabalhos legislativos
e a eficácia do processo."
O presidente do Senado aproveitou para lembrar que ainda ontem poderia ser votado o projeto
de emenda à Constituição que altera a tramitação das medidas
provisórias, proibindo, entre outras coisas, o uso delas para legislar sobre tributos -exceto para
sua redução ou extinção.
A base aliada ainda tentaria atenuar a perda de poder do presidente da República prevista no
projeto.
Hoje, as MPs entram em vigor
imediatamente após a publicação
no Diário Oficial. Pela proposta,
de autoria do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), elas
só teriam força de lei após aprovação pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara ou
do Senado, que teriam prazo de
três dias úteis para análise.
"Estou empenhado firmemente
em evitar que, doravante, medidas provisórias disponham sobre
contratos e tributos, a bem da segurança jurídica", disse Renan.
Houve também uma crítica indireta ao anfitrião, o presidente
do STF, Nelson Jobim. Renan comemorou o fim da verticalização
nas eleições, regra que passou a
vigorar depois de decisão de Jobim, em 2002, quando presidente
do Tribunal Superior Eleitoral.
"A tese [da verticalização] é boa,
contudo, inadequada ao momento político-partidário nacional."
A verticalização proíbe que partidos adversários na disputa nacional se aliem nos Estados. Projeto que acaba com a regra está
em fase final de votação no Congresso. Depois, o TSE ou o próprio STF ainda terão que dar a palavra final sobre se o fim da verticalização já valerá para as eleições
de outubro.
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