São Paulo, quinta-feira, 02 de fevereiro de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Aqui embaixo

E George W. Bush lançou mesmo seu pró-álcool, no discurso sobre "o estado da união". Não citou o Brasil, mas citaram por ele. De seu assessor Dan Bartlett, ao "Washington Post", "Guardian", "Times" etc.:
- Como alguns de vocês que viajaram com o presidente Bush lá para o Brasil recordam, há coisas interessantes ocorrendo lá embaixo, onde boa parte da mistura de combustível deles vêm da cana-de-açúcar. De fato, há tecnologias verdadeiramente interessantes, que mostram que podemos converter celulose e outros refugos em combustível.
 
Já o "New York Times" tratou de destacar em sua reportagem a "ausência", no discurso de Bush, de um "passo óbvio":
- Embora tenha louvado o etanol como substituto para a gasolina, Bush não mencionou a idéia de baixar as barreiras de importação de modo que países como o Brasil possam suprir os EUA. Em vez disso, sublinhou o etanol "produzido em casa".
Da revista on-line "Slate":
- O Brasil tem tido sucesso com um tipo mais eficiente de etanol feito de cana [em vez de milho]. Mas, num discurso cheio de críticas abstratas ao protecionismo, Bush não falou da tarifa de US$ 0,50 por galão que mantém o etanol brasileiro fora do mercado americano.
Até a agência Reuters, em seu despacho, criticou a perspectiva de ampliar a produção de etanol a partir do milho. E contrastou:
- O Brasil é o maior produtor e exportador de etanol do globo, derivado da cana. Já mistura sua gasolina com 25% de etanol e quer dobrar as exportações, de olho em EUA, Japão e Índia.
 
O "NYT", apesar de Larry Rohter, gosta demais do Brasil.
No editorial sobre o discurso, "O estado da energia", entre os elogios e as críticas ao programa energético de Bush, deu o Brasil como modelo para os EUA:
- Deveria ser um choque de humildade para os líderes americanos que o Brasil tenha se tornado auto-suficiente em energia num momento em que os EUA estão concentrados em produzir seus SUVs [veículos utilitários esportivos] cada vez maiores.
E tem mais, diz o "NYT":
- Muito da pesquisa relativa aos carros já foi realizada -o Brasil alcançou a independência em energia descobrindo como levar seus cidadãos do trabalho para casa em veículos que se movem sem muita gasolina.

PERSPECTIVAS

AP - Media Guardian/Reprodução
Cenário da futura Al Jazira internacional

Prossegue a campanha contra a Google. O destaque do dia foi a professora chinesa Yuen-Ying Chan, no fórum sobre liberdade de expressão que a Al Jazira faz no Qatar, com repercussão pela Europa. Reclamou ela que "uma coisa é a China bloquear o site, outra é a Google ajudar a bloquear". Antes, internautas chineses conseguiam contornar os bloqueios impostos pela ditadura e acessar o Google. Agora, só o Google.cn.
Mas nem Google nem as estrelas da nova mídia, como Dan Gillmor: o foco do fórum, ao que parece, é divulgar o canal em inglês da Al Jazira, que vai ao ar no primeiro semestre. O "Guardian" ouviu o diretor, que prometeu que a cobertura de Washington, uma das futuras sedes do canal, seguirá a "perspectiva americana". E explicou:
- Nós queremos ser líder de mercado.

A BALA

Caiu no crime, de vez, o confronto de audiência entre o "Jornal Nacional" e o "Jornal da Record". O primeiro ainda se esforça por manter as aparências, como se ainda se tratasse de um escândalo político. A manchete, ontem:
- Primeiro o "Jornal Nacional" denuncia um abuso. Vereadores fingem participar de cursos, enquanto eles fazem turismo com o dinheiro dos cofres públicos.
É ou devia ser o outro lado da manchete do "JN" do dia anterior, com o mesmo assunto e que conseguiu conter a ascensão do "JR". Este reagiu a bala, ontem na escalada:
- Ex-combatente do Iraque é rendido pela polícia nos Estados Unidos. Ele recebe ordem para se levantar e, quando obedece... [Na imagem, é atingido por três tiros.]

Aproximação 1
No "Clarín", o presidenciável peruano Ollanta Humala, novo alvo da histeria antiesquerdista na América Latina, garantiu que o venezuelano Hugo Chávez não o "assessora", acrescentando:
- Me aproximei não só de Venezuela, mas também Bolívia -e estou me aproximando de Argentina, Uruguai, Brasil.
Como ecoou pelas Américas, em despacho da AP, ele aceitou convite de Lula e vem ao Brasil.

Aproximação 2
Ao que parece, a atenção de Bush está toda aqui "embaixo" -e não só no Brasil. No final da tarde, entrou nos sites dos EUA à Argentina a informação de que ele telefonou para o boliviano Evo Morales, antes um pária, e cumprimentou pela vitória na eleição presidencial. Com certo atraso, mas cumprimentou.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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