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Com vitória apertada, petista minimiza divisão da base e sela aliança com PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP), 57, à presidência
da Câmara marca a retomada
do poder na Casa pelo PT e consolida a aliança com o PMDB,
eixo da base parlamentar do segundo governo Lula. O petista
foi apoiado pelos partidos que
estiveram no centro do escândalo do mensalão.
Ex-líder do governo, Chinaglia venceu Aldo por uma diferença de apenas 18 votos e com
apoios de um PSDB dividido.
Outros seis deputados votaram
em branco. No primeiro turno,
a vantagem do petista sobre Aldo fora de 61 votos (236 a 175).
O resultado mostra que a divisão na base se estendeu até o limite, prenunciando que o Palácio do Planalto terá a dura tarefa de reaproximar seus aliados.
O clima do plenário ao final
do primeiro turno refletia a cisão, com uns governistas gritando "Arlindo, Arlindo", e outros "1,2,3, é Aldo outra vez".
Minutos após ser eleito, Chinaglia optou por um discurso
conciliatório, citando tanto Aldo quanto Fruet. "Tenho uma
relação especial com ambos e
quero manter assim", disse.
Também mandou um recado
àqueles que não optaram por
ele: "Isso agora é passado".
O petista também relativizou
a divisão da base. "Não vejo
com tanta dramaticidade. Há
uma eleição, tem um resultado,
isso acaba e agora temos que
trabalhar respeitando cada um
o seu espaço".
Segundo aliados do petista, a
eleição poderia ter sido resolvida no primeiro turno, mas a entrada de Fruet embaralhou a
disputa. Após a derrota, o tucano declarou voto em Aldo.
A opção dele, entretanto, não
foi regra no PSDB, que liberou
sua bancada para votar como
quisesse. Essa divisão favoreceu Chinaglia. Nos bastidores, a
avaliação é que os 25 votos angariados por Chinaglia no segundo turno saíram, sobretudo, da bancada do PSDB.
O acordo mais explícito costurado para atrair parte dos tucanos foi a concessão da primeira-vice-presidência da Casa
a Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), afilhado do governador
de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Após a eleição, Chinaglia manifestou gratidão ao PSDB. "Independentemente da questão
numérica, o simbólico do apoio
do PSDB foi muito importante,
porque reforçou politicamente
nossa candidatura e a imagem
do PSDB, que estava se orientando pela proporcionalidade."
A eleição de Chinaglia é estratégica para o Planalto, que
terá de aprovar nos próximos
meses medidas relacionadas ao
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento).
A vitória do petista também
traz a reboque o sucesso do
"megabloco" formado na véspera da eleição para divisão de
cargos na Mesa, com 273 parlamentares, reunindo siglas como PP, PTB e PR (fusão de PL e
Prona), que estiveram no centro do escândalo do mensalão.
Em seu discurso antes do primeiro turno, Chinaglia falou do
assunto: "A página da crise está
virada. Não podemos admitir
que um deputado que não tenha nada a ver com a crise seja
acusado por atos de outros por
ser do mesmo partido".
(SILVIO NAVARRO, LETÍCIA SANDER, ADRIANO CEOLIN E ELIANE CANTANHÊDE)
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