São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007

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Com vitória apertada, petista minimiza divisão da base e sela aliança com PMDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP), 57, à presidência da Câmara marca a retomada do poder na Casa pelo PT e consolida a aliança com o PMDB, eixo da base parlamentar do segundo governo Lula. O petista foi apoiado pelos partidos que estiveram no centro do escândalo do mensalão.
Ex-líder do governo, Chinaglia venceu Aldo por uma diferença de apenas 18 votos e com apoios de um PSDB dividido. Outros seis deputados votaram em branco. No primeiro turno, a vantagem do petista sobre Aldo fora de 61 votos (236 a 175). O resultado mostra que a divisão na base se estendeu até o limite, prenunciando que o Palácio do Planalto terá a dura tarefa de reaproximar seus aliados.
O clima do plenário ao final do primeiro turno refletia a cisão, com uns governistas gritando "Arlindo, Arlindo", e outros "1,2,3, é Aldo outra vez".
Minutos após ser eleito, Chinaglia optou por um discurso conciliatório, citando tanto Aldo quanto Fruet. "Tenho uma relação especial com ambos e quero manter assim", disse. Também mandou um recado àqueles que não optaram por ele: "Isso agora é passado".
O petista também relativizou a divisão da base. "Não vejo com tanta dramaticidade. Há uma eleição, tem um resultado, isso acaba e agora temos que trabalhar respeitando cada um o seu espaço".
Segundo aliados do petista, a eleição poderia ter sido resolvida no primeiro turno, mas a entrada de Fruet embaralhou a disputa. Após a derrota, o tucano declarou voto em Aldo.
A opção dele, entretanto, não foi regra no PSDB, que liberou sua bancada para votar como quisesse. Essa divisão favoreceu Chinaglia. Nos bastidores, a avaliação é que os 25 votos angariados por Chinaglia no segundo turno saíram, sobretudo, da bancada do PSDB.
O acordo mais explícito costurado para atrair parte dos tucanos foi a concessão da primeira-vice-presidência da Casa a Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), afilhado do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Após a eleição, Chinaglia manifestou gratidão ao PSDB. "Independentemente da questão numérica, o simbólico do apoio do PSDB foi muito importante, porque reforçou politicamente nossa candidatura e a imagem do PSDB, que estava se orientando pela proporcionalidade."
A eleição de Chinaglia é estratégica para o Planalto, que terá de aprovar nos próximos meses medidas relacionadas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A vitória do petista também traz a reboque o sucesso do "megabloco" formado na véspera da eleição para divisão de cargos na Mesa, com 273 parlamentares, reunindo siglas como PP, PTB e PR (fusão de PL e Prona), que estiveram no centro do escândalo do mensalão.
Em seu discurso antes do primeiro turno, Chinaglia falou do assunto: "A página da crise está virada. Não podemos admitir que um deputado que não tenha nada a ver com a crise seja acusado por atos de outros por ser do mesmo partido". (SILVIO NAVARRO, LETÍCIA SANDER, ADRIANO CEOLIN E ELIANE CANTANHÊDE)

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