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ORÇAMENTO
Redução total foi de R$ 15,9 bi; protegidas por emenda, Saúde e Ciência e Tecnologia foram as únicas a manter verbas
Transportes sofre maior corte e perde R$ 2,7 bi
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Somente duas pastas em toda a
Esplanada dos ministérios -Saúde e Ciência e Tecnologia- foram poupadas do corte de gastos
decretado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O corte de R$
15,9 bilhões reduziu a menos da
metade o Orçamento aprovado
de investimento e custeio de sete
ministérios. Suas principais vítimas: Transportes, em volume de
dinheiro (R$ 2,7 bilhões), e Esporte, em percentual de gasto (86%).
O impacto dos cortes começou
a ficar mais claro ontem, com a divulgação de detalhes da programação financeira anunciada na
sexta-feira passada. O decreto de
Lula bloqueou para gastos o equivalente a 18% das despesas de investimento e custeio aprovadas
por lei para 2005.
Depois dos cortes -e excluídos
gastos obrigatórios com pessoal e
juros da dívida- o Orçamento ficou menor do que a proposta encaminhada ao Congresso em
agosto passado, fato que ajuda a
explicar a chiadeira na Esplanada.
Tradicionalmente, a proposta do
Executivo é o ponto de partida para a disputa entre ministros por
mais verbas públicas.
Corte proibido
Uma emenda constitucional
aprovada em 2000 e que assegura
gastos crescentes a cada ano em
saúde (na proporção do aumento
do Produto Interno Bruto, o conjunto de riquezas produzidas no
país) preservou dos cortes a pasta
comandada por Humberto Costa.
Um dispositivo legal mais recente
poupou o Ministério da Ciência e
Tecnologia dos cortes.
A mesma Lei de Diretrizes Orçamentárias preserva despesas relativas ao combate à fome e à promoção da segurança alimentar e
nutricional. Mas isso não foi suficiente para impedir corte de 16%
nas despesas de investimento e
custeio do Ministério de Desenvolvimento Social.
A equipe do ministro Patrus
Ananias informou ontem que
busca formas de adequar o Orçamento da pasta ao decreto de Lula. A saída poderá ser conter gastos em programas de assistência
social, como o programa de atenção integral à família.
Da mesma forma que o pagamento de pessoal e dos juros da
dívida pública, a lei protege de
cortes despesas como os benefícios sociais a idosos e deficientes,
o seguro-desemprego, a compra
de medicamentos para Aids, o
Bolsa-Família, subsídios às usinas
termelétricas e o fundo de assistência aos partidos políticos. Caberá agora aos ministérios identificar os programas de suas áreas
que não sairão do papel.
Junto com Transportes, Integração Nacional, Educação e Desenvolvimento Social, Saúde e
Ciência e Tecnologia foram as
únicas pastas que não perderam
verbas em relação aos gastos registrados em 2004. Nesse tipo de
comparação, o Ministério das Cidades foi quem mais perdeu em
volume de dinheiro, e Esporte, em
percentual de gasto.
O Ministério dos Transportes,
que tem uma fatia de mais de R$ 2
bilhões (ou 77%) do projeto-piloto negociado com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), não
conseguiu escapar dos cortes
(39%), embora tenha registrado o
maior aumento de despesas autorizadas em relação aos gastos do
ano passado (69%).
Emendas parlamentares
Os cortes fixados pelo decreto
de Lula atingirão em cheio as
emendas apresentadas por deputados e senadores -a liberação
delas é um dos principais caminhos para a boa relação entre o
Legislativo e o Executivo. As
emendas tradicionalmente se
concentram nas pastas de Esporte, Turismo e Cidades, essa última
responsável por investimentos
em saneamento e obras de infra-estrutura em cidades das bases
eleitorais dos congressistas.
O Ministério da Integração Nacional, responsável pela transposição do rio São Francisco -obra
com que Lula quer marcar seu
mandato-, teve bloqueados 55%
dos gastos autorizados pelo Congresso na lei orçamentária.
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