São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Cor-de-rosa

"Dia histórico" era como descreviam a posse do uruguaio Tabaré Vázquez, ontem, da Globo ao site do uruguaio "El Observador".
Não foi muito diferente no "New York Times" de Larry Rohter, no "Los Angeles Times", no "Miami Herald", no britânico "Independent", no francês "Le Monde", no espanhol "El País" etc.
 
Nos EUA, o "NYT" falou em "clara ruptura com o passado" -com "grande simbolismo para a região", pois "consolida o que se tornou o novo consenso de esquerda" na região:
- Não é tanto maré vermelha, mas cor-de-rosa, em que o socialismo doutrinário é menos influente do que o pragmatismo. Uma mudança importante, que torna este momento político decididamente novo.
O "Los Angeles Times" avaliou na mesma direção:
- A América Latina desafia os velhos rótulos. No Uruguai e outros, a etiqueta "esquerdista" não tem mais sentido.
Na Europa, a avaliação não foi tão cor-de-rosa, ao menos não de modo tão uniforme.
Para o articulista do "Independent", a posse do uruguaio, ao lado de tantos líderes da "nova onda", "simboliza a minguante influência dos EUA":
- Washington não pode fazer nada além de olhar e ranger os dentes em fúria impotente.
Já o "Le Monde", além da longa cobertura, incluindo uma reprodução do site Carta Maior, deu análise de um ex-líder da guerrilha salvadorenha.
Segundo Joaquin Villalobos, a esquerda latino-americana vive um "debate crucial" entre as correntes "pragmática" (Lula, Néstor Kirchner) e "religiosa" (Hugo Chávez, Fidel Castro). A segunda, no seu entender, é uma "doença da esquerda".

O EXEMPLO CHINÊS

Reprodução
O venezuelano Hugo Chávez em sua visita à China há dois meses, ontem no "NYT"

O "NYT" de ontem se mostrou temeroso com o avanço da China na América Latina. Fez longa reportagem sobre a "diplomacia chinesa do petróleo", em acordos com Venezuela, Brasil e até Colômbia. De um republicano:
- Os chineses estão aproveitando que nós não damos atenção como deveríamos para a América Latina.
Não é só o "NYT". O "Miami Herald" enviou o colunista Andres Oppenheimer à China. Ele voltou para avisar, anteontem, que "o sucesso chinês pode confundir os líderes latino-americanos". Ele defende o "grande exemplo econômico", mas teme pelo exemplo político.
Em outra direção, o "Wall Street Journal" noticiou há uma semana que cresce entre economistas latino-americanos, até entre os que não se alinham à esquerda, a reação à "ortodoxia do livre mercado" -que, dizem, "cega para o grande papel que os planejadores governamentais jogaram no sucesso da China, Coréia do Sul e Taiwan".

Na mão 1
Na Câmara, Severino Cavalcanti, segundo a Folha Online, "adiou a decisão sobre a denúncia contra Lula".
No Senado, Renan Calheiros "adiou a definição sobre convocar José Dirceu para explicar declarações de Lula".
Ato contínuo, também na Folha Online, mas como manchete do site noticioso:
- Aloizio Mercadante confirma que Lula vai anunciar a reforma ministerial a partir da próxima semana.

Na mão 2
Título do "Financial Times":
- Brasil cresce na maior taxa em uma década.
Do "Wall Street Journal":
- O crescimento do Brasil é o maior em dez anos.
Mas o ministro da Fazenda nem comemorou direito. Na Globo, fez um apelo:
- Eu tenho certeza que o presidente Severino Cavalcanti, que o presidente Renan Calheiros terão isso [crescimento] como prioridade. Agora é hora de trabalhar para o Brasil.

C-Span/Reprodução

AMIGO Chegou à web a palestra que FHC fez há dias em Washington, a convite de Henry Kissinger. O ex-presidente agradece a presença do ex-secretário, a quem chama de "meu velho amigo": 0- Sua produção acadêmica só encontra paralelo na contribuição à política externa dos EUA, ajudando a mudar o mundo, especialmente nos anos 70.


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