São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Petebista nega ligação com morte

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA

O prefeito de Anapu (PA), Luiz dos Reis Carvalho (PTB), negou envolvimento com o assassinato da freira norte-americana Dorothy Stang e disse à Folha que o PT não queria que a missionária ficasse na cidade durante as últimas eleições municipais.
Carvalho rebateu a afirmação da senadora Ana Júlia (PT-PA), que disse anteontem ter informações de que o prefeito havia pedido a saída da missionária da cidade durante as últimas eleições.
 

Folha - Como o sr. recebeu a informação de que seu nome foi citado como amigo do suposto mandante do crime [Bida] e que ele pediria sua contribuição para pagar advogado, caso alguém fosse preso?
Luiz dos Reis Carvalho -
Estou indignado com esta situação. A minha dignidade e a minha conduta não fazem parte disso. É preciso que a polícia e as autoridades terminem com isso, que encontrem os culpados e eles sejam punidos.

Folha - O sr. conhecia a freira? Como era o relacionamento com ela?
Carvalho
- Conhecia. Não era amigo, mas a conhecia há 20 anos, inclusive fomos vizinhos durante cinco ou seis anos. Eu tinha um bom relacionamento com ela.

Folha - O que o sr. acha que pode ter acontecido para ser citado?
Carvalho
- Acredito que tenha alguém por trás disso. Acredito que esse elemento [Fogoió] que usou meu nome é incapaz de usar o meu nome por vontade própria. Esse Bida, que teria dito a ele que o prefeito era amigo, precisa ser preso para provar qual é nosso vínculo de amizade. Mas acredito que existam outras pressões que estão fazendo-o insinuar que meu nome está envolvido.

Folha - De quem é a pressão?
Carvalho
- Da oposição da cidade, que é o PT.

Folha - A senadora Ana Júlia Carepa, do PT, disse ontem [anteontem] ter informações de que o sr. não queria a freira na cidade durante a última campanha eleitoral.
Carvalho
- Quem não queria a irmã Dorothy em Anapu era o PT. Como prova disso, ela viajou e chegou no último comício da campanha. A cúpula do PT mandou ela se afastar de Anapu para não atrapalhar a campanha.

Folha - Porque o sr. acha que o PT não queria a freira em Anapu?
Carvalho -
Eles achavam que o candidato que ela apoiava [Chiquinho do PT] poderia não ter êxito. Ela tinha rejeição. Acharam que com ela lá poderia ser pior.

Folha - O senhor conhece o Bida [indiciado como mandante]?
Carvalho -
Como cidadão e político, conheço o Bida. Eu o vejo em restaurantes, a gente almoça...

Folha - O sr. almoçou com ele?
Carvalho -
Não. Juntos, não. Eu o encontrei almoçando. Não tenho o mínimo relacionamento, não tenho o mínimo vínculo com ele.


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