São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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Irmãos viveram em expedições

PAULO SALES
do Banco de Dados

Enfrentar a malária e tribos de índios nem sempre amistosas fizeram parte do cotidiano das expedições de que Claudio Villas Bôas participava. Um dos mais importantes sertanistas e indigenistas brasileiros, ao lado do irmão Orlando, Claudio nasceu em 8 de dezembro de 1916, em Botucatu (225 km a noroeste de São Paulo).
Claudio e os irmãos Orlando e Leonardo fizeram sua primeira expedição em 1943, chamada de Roncador-Xingu, criada e patrocinada pelo então presidente Getúlio Vargas.
A expedição, que partiu do rio das Mortes (Mato Grosso) em direção a Manaus (AM), tinha por finalidade desbravar áreas de difícil acesso para instalar núcleos populacionais no Centro-Oeste.
Os Villas Bôas uniram-se a garimpeiros, aventureiros e militares para conquistar uma região até então habitada principalmente pelos índios xavantes.
A expedição durou até 1951. Nesse período, os Villas Bôas tiveram contato com diversas tribos, pacíficas e hostis, abriram picadas e mapearam a região. Também contraíram malária diversas vezes.
Após o fim da expedição, os três irmãos continuaram vivendo na região, "pacificando" e estudando as tribos, além de iniciar projetos para a criação de um parque indígena apoiado por pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Em 57, Claudio Villas Bôas chefiou uma nova expedição, partindo da serra do Cachimbo, no sudoeste do Pará.
O parque indígena idealizado pelos Villas Bôas foi concretizado com a criação, em 1961, do Parque Nacional do Xingu. Definido por seus criadores como uma "sociedade de nações", o parque abrigava em 1994 cerca de 6.000 índios e 18 aldeias de tribos diferentes.
No mesmo ano da criação do parque, Leonardo Villas Bôas morreu de miocardite reumática, aos 43 anos.
Em 74, Claudio adotou Tauarru, um índio de 12 anos que ele conhecia desde o nascimento. Tauarru, que acabou herdando o nome do pai adotivo, morreu dez anos depois num acidente de automóvel.
Indicados duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz -em 71 e em 75-, Claudio e Orlando Villas Bôas escreveram em 94 o livro "A Marcha para o Oeste", vencedor do Prêmio Jabuti como melhor livro-reportagem.
Ao todo, Claudio e Orlando Villas Bôas passaram quase 40 anos na região central do Brasil.



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