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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidente nomeia presidente de Itaipu para a Secretaria Geral; Carlos Velloso recusa convite para Justiça
FHC indica Scalco e convida ministro do STF
RAYMUNDO COSTA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O paranaense Euclides Scalco,
70, é o novo secretário-geral da
Presidência. Scalco, atual presidente da Itaipu Binacional, é o
primeiro nome a ser confirmado
de um grupo de ministros-chave
com os quais FHC quer encerrar o
governo e fazer a ponte com a
campanha de José Serra (PSDB).
Desse núcleo, farão parte os ministros palacianos, a equipe econômica e o Ministério da Justiça,
para o qual foi convidado ontem
o ministro Carlos Velloso, do STF
(Supremo Tribunal Federal). Segundo a Folha apurou, Velloso
não aceitou o convite. Em razão
da recusa, FHC vai tentar outro
ministro do STF, Ilmar Galvão.
Serra participa ativamente da
confecção do novo ministério de
FHC. Scalco vai compor com Pedro Parente (Casa Civil) o núcleo
forte do Palácio do Planalto nos
últimos meses de governo. O presidente resolveu não mexer na
área econômica. Por isso Everardo Maciel (Receita Federal), que
era cotado para a Previdência Social, fica onde está. José Cechin,
secretário-executivo da Previdência, assumirá o ministério.
A escolha de um ministro do
Supremo para a Justiça abriria caminho para solucionar um dos
pontos fracos do atual governo: a
falta de um interlocutor de peso
com o Judiciário. Vantagem extra: ela abriria mais uma vaga para
FHC preencher no Supremo.
No Ministério das Comunicações, Pimenta da Veiga dará lugar
ao secretário-executivo, Juarez
Quadros. Caio Carvalho, presidente da Embratur, será efetivado
na pasta dos Esportes e Turismo.
Outro interino que virou titular,
José Carlos Carvalho continuará
no Meio Ambiente. E Paulo Jobim, secretário-executivo do Ministério do Trabalho, irá para o lugar do chefe, Francisco Dornelles.
Além da Justiça, a situação de
outros três ministérios ainda estava indefinida até ontem as 19h:
Transportes, Desenvolvimento
Agrário e Integração Nacional.
Raul Jungmann tende a ficar na
pasta do Desenvolvimento Agrário, mas isso dependia ainda de
uma conversa entre o ministro e
Fernando Henrique Cardoso.
Ney Suassuna, que deseja ficar
na Integração Nacional, também
conversaria com o presidente.
Suassuna está sendo pressionado
pelos peemedebistas a sair candidato a governador na Paraíba,
mas Serra costura para ele ficar, a
fim de facilitar uma eventual
aliança PMDB-PSDB no Estado.
O pernambucano Dorani Sampaio (PMDB) é uma opção.
Nos Transportes, há um cabo-de-guerra entre tucanos e peemedebistas. O PSDB quer manter Alderico Lima, mas o PMDB pretende nomear o deputado federal
João Henrique (PI). FHC e o presidente do PMDB, Michel Temer
(SP), conversavam sobre isso até
as 19h de ontem.
A pasta de Minas e Energia deverá ser ocupada por um técnico.
Pedro Parente, que fica na Casa
Civil, deseja indicar Otávio Castelo Branco, do BNDES. Mas tucanos tentam emplacar outro técnico. FHC deseja usar o ministério
para continuar a atender a bancada do PFL, partido que detinha a
pasta até o rompimento de uma
aliança de quase oito anos.
Lógica
A reforma que FHC deve concluir hoje tem uma lógica. Segundo o Planalto, o governo não "inventa" mais nada neste ano, a não
ser por alguma necessidade conjuntural. A idéia é consolidar a rede de proteção social, manter o
que está sendo feito na agricultura
(por isso Pratini de Moraes fica no
ministério) e avançar na exportação. Após três ministros no Desenvolvimento, FHC acha que
Sergio Amaral deu um rumo para
a pasta.
O Planalto desistiu da reforma
política. No máximo, dará o pontapé inicial na reforma tributária.
A lógica da reforma, portanto, é
arrumar a casa para FHC terminar bem seus últimos anos de governo e estabelecer a ponte com a
campanha de Serra, o candidato
de FHC à própria sucessão.
Scalco atende aos dois requisitos. Amigo do presidente, inspira
segurança e confiança em FHC.
Ao final da campanha da reeleição, o tucano paranaense foi chamado para a coordenação política
do Planalto. Não aceitou devido a
problemas familiares e por suspeitar de que teria de dividir a articulação com Clóvis Carvalho,
ex-chefe da Casa Civil. O presidente voltou a chamá-lo outras
duas vezes.
A nomeação de Scalco é resultado também da consolidação da
candidatura Serra no PSDB: ele
pertence ao grupo do Paraná liderado por José Richa, ligado ao governador Mário Covas, que se inclinava pela candidatura de Tasso
Jereissati (CE) ao Planalto. É nesse
contexto também que Pimenta da
Veiga (Comunicações), outro ex-aliado de Tasso, deixa o ministério para chefiar a campanha de
Serra.
Scalco assumirá o cargo amanhã em cerimônia coletiva dos
novos ministros no Palácio do
Planalto. O primeiro desafio de
Scalco será articular a votação da
CPMF na Câmara e no Senado.
"Com certeza [a CPMF" é a principal preocupação do governo.
Vou pensar nisso a partir de quarta-feira", afirmou Scalco.
FHC afirmou ontem, por meio
de seu porta-voz, que não fez
"restrições" pessoais a indicações
de qualquer partido da base, incluindo o PFL na reforma ministerial desta semana.
Colaboraram LUIZA DAMÉ e LEILA
SUWWAN, da Sucursal de Brasília
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